A relação da taxa básica de juros com os investimentos acontece principalmente na renda fixa. Você sabia disso? Diversas aplicações têm taxas de juros atrelados a ela — ou a indicadores próximos. Por isso, ao investir com a Selic em baixa, é importante conhecer as opções do mercado e definir estratégias.
Afinal, é natural que a renda fixa passe a render menos nesse cenário. Assim, muitos investidores tendem a migrar para os investimentos de renda variável em busca de melhores resultados para a carteira. Mas será que essa é a única — ou a melhor — solução?
O objetivo deste artigo é mostrar que é possível investir bem mesmo com a Selic a 2,75% ao ano. Continue a leitura e saiba mais sobre o assunto!
O que é a taxa Selic?
Primeiro, é importante entender que a Selic é a sigla para Sistema Especial de Liquidação e Custódia. Ela é uma taxa de juros definida pelo Copom (Comitê de Política Monetária).
O Copom realiza reuniões a cada 45 dias. O objetivo é avaliar a situação econômica do país e decidir qual será a taxa Selic do próximo período. Em seguida, eles informam ao mercado qual será a meta relacionada ao índice.
A taxa serve como parâmetro para diversas movimentações financeiras no Brasil. Assim, influencia diretamente as atividades bancárias, como juros praticados em empréstimos, financiamentos, entre outros. Por esse motivo, a Selic também é conhecida como taxa básica de juros da nossa economia.
Qual é o histórico de variação da taxa?
A economia de um país é bastante dinâmica. Existem muitos aspectos e varáveis que determinam as condições econômicas de cada momento. Assim, a taxa Selic precisa acompanhar essas movimentações do mercado.
Ao analisar a meta estabelecida pelo Copom, é possível entender um pouco sobre como está a economia do país e quais são as perspectivas para o futuro. Quando a Selic está baixa, por exemplo, significa que a oferta de crédito nos bancos fica mais barata.
Com isso, é esperado um aumento no consumo, controle da inflação e crescimento econômico. Por esse motivo, a taxa Selic é utilizada para estimular resultados positivos e controlar as tendências econômicas.
Nos últimos anos, com o desafio econômico no Brasil, a Selic vem passando por cortes sucessivos. Em 2020, a taxa chegou ao menor patamar da sua história — atingindo 2% ao ano. A previsão é que a taxa suba mais um pouco depois da ultima alta de 0,75%, mas que se manteve em níveis baixos em relação ao histórico dela, na casa de 5%/6%.
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Quais os impactos da Selic sobre investimentos de renda fixa?
Além do impacto causado no consumo e em outras variáveis econômicas, a Selic também afeta os investimentos. É possível ver o efeito direto nas aplicações em que o rendimento está diretamente atrelado à taxa — como é o caso do Tesouro Selic e da poupança.
Mas muitas outras opções de investimento também são influenciadas. Por exemplo, os produtos financeiros que os bancos ofertam aos investidores. Títulos privados pós-fixados costumam ter rendimentos atrelados ao CDI – certificado de depósito interbancário.
Esse índice econômico se mantém muito próximo à Selic. Assim, quem investe em produtos bancários, como letras de crédito (LC) e certificados de depósito bancário (CDBs), também sofre influência da taxa básica de juros.
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Como a Selic se relaciona com a inflação, existe influência dela na rentabilidade dos investimentos atrelados ao IPCA – Índice de Preços ao Consumidor Amplo. No caso dos investimentos prefixados, as taxas oferecidas também podem ser maiores ou menores, dependendo das movimentações da Selic.
Até mesmo a renda variável vive momentos diferentes em cenários de alta ou baixa da taxa. Em geral, taxas de juros altas causam contratempos em muitas empresas e podem resultar em desvalorização dos investimentos na bolsa de valores.
Já as taxas mais baixas podem beneficiar empresas e tornar a renda variável mais atrativa para os investidores.
O que avaliar quando a Selic está baixa?
Existem alguns pontos que você pode considerar para impulsionar sua carteira de investimentos em momentos de taxa de juros baixa.
Confira o que pode ser avaliado para investir mesmo com a Selic baixa:
Rever seu perfil de investidor
O perfil de investidor não é algo estático. Quem quer melhorar seus resultados pode rever sua forma de investir sempre que for necessário. Existem três perfis para considerar: conservador, moderado e arrojado.
Quem tem o perfil conservador, por exemplo, pode aceitar se arriscar mais, tornando-se um investidor moderado. Mas, para isso, é importante buscar mais conhecimento sobre o mercado financeiro.
Você pode contar com a ajuda de uma assessoria de investimentos para entender melhor. Além disso, tenha em mente que não significa colocar todo o seu dinheiro em maior risco.
É possível, por exemplo, rentabilizar parte do patrimônio em ativos mais complexos, mantendo outra parcela em segurança.
Estudar sobre renda variável
A renda variável pode parecer muito assustadora para investidores iniciantes, mas ela costuma oferecer oportunidades em períodos de taxa Selic baixa. Por isso, você pode buscar conhecimento para perder o medo de investir.
Existem investimentos com diferentes graus de risco nessa classe. Ao estudar o assunto e contar com profissionais da área para fornecer orientações será possível considerar as possibilidades e montar uma carteira adequada às suas necessidades.
Você pode, por exemplo, começar aos poucos e manejar melhor os riscos. Investir em ações de empresas sólidas e com foco no longo prazo é uma forma de entrar na renda variável com mais confiança.
Assim, se você acredita que é hora de fazer outros investimentos que não sejam de renda fixa, estude sobre as oportunidades da renda variável. É válido conhecer o mercado com pouco dinheiro para entender a sua dinâmica.
Mas lembre-se: a ideia é poder evoluir como investidor, sem se expor a riscos maiores do que comporta. Caso o seu perfil ainda seja muito conservador, o melhor pode ser continuar em alternativas da renda fixa.
Não focar apenas na rentabilidade
É importante também ter atenção para não focar apenas na rentabilidade dos investimentos. É claro que investir significa fazer seu dinheiro render para aumentar o patrimônio. Contudo, ter o maior ganho possível não é o único objetivo.
Suas escolhas de investimento devem considerar um tripé: rentabilidade, segurança e liquidez. Os três fatores estão presentes nos investimentos — e não podem ser encontrados no mesmo nível em uma opção.
Portanto, o desafio é equilibrá-los de acordo com o seu perfil, as suas preferências e os seus objetivos. Investimentos com alta liquidez e segurança, por exemplo, normalmente não são muito rentáveis.
Uma dica para se organizar melhor é considerar a diversificação de investimentos na carteira. Equilibrar o tripé dos investimentos com aplicações e ativos diferenciados no seu portfólio é um passo importante para investir bem com a Selic a 2% ao ano.
Como investir com a Selic a 2,75% ao ano?
Agora que você sabe a influência da Selic nos investimentos, entende que, de fato, a queda na taxa de juros resulta em diminuição dos rendimentos da renda fixa. Esse é o momento de conhecer alternativas de investimento que podem compor o seu portfólio.
Vale destacar, contudo, que as opções não estão apenas na renda variável. Ainda é possível investir com rentabilidade mais atrativa na própria renda fixa. Para isso, será preciso conhecer títulos além dos tradicionais e mais seguros.
Confira alternativas nas duas classes de investimentos:
Títulos de Crédito Privado
O crédito privado funciona como um empréstimo de recursos para empresas. Eles não possuem a cobertura do Fundo Garantidor de Crédito (FGC). Por isso, tendem a ser mais arriscados do que outros títulos de renda fixa.
Considerando o equilíbrio entre segurança e rentabilidade, eles podem ajudar a aumentar os ganhos. Dessa forma, os títulos de crédito privado podem ser uma forma de ousar um pouco mais — sem sair da renda fixa.
Algumas opções são os certificados de recebíveis imobiliários (CRI) e do agronegócio (CRA). A emissão desses títulos é feita por securitizadoras e quem investe neles recebe o valor aplicado acrescido da taxa de juros acordada. Uma vantagem é a isenção do Imposto de Renda.
Outra oportunidade no crédito privado são os fundos de investimento em direitos creditórios (FIDC). Eles funcionam como um condomínio de investimento que conta com gestão profissional. Normalmente, o aporte é feito em direitos creditórios, de empresas que antecipam seus recebíveis.
Debêntures
Debêntures também são títulos de renda fixa. Elas representam dívidas de empresas, que podem fazer a emissão para captar recursos para realizar projetos ou superar dificuldades financeiras. Em troca, a organização paga uma taxa de juros para o investidor.
Para o negócio, o valor pago é menor do que os juros de financiamentos e empréstimos tradicionais. Por esse motivo, emitir debentures é mais vantajoso para as empresas.
Como também não têm garantia do FGC, esses títulos envolvem risco de crédito maior. Afinal, existe o perigo de a companhia não honrar com o pagamento. Por isso, algumas oferecem taxas maiores para atrair investidores.
Em geral, esses títulos de renda fixa também têm prazo de vencimento maior. Além disso, as debêntures podem ser isentas do Imposto de Renda. Isso acontece especificamente com as debêntures incentivadas.
Ações
Como você viu, também é possível direcionar a sua atenção e o seu dinheiro para a renda variável, se o seu perfil de investidor permitir. Um exemplo de investimento muito conhecido e procurado pelos investidores são as ações.
Elas são parte do capital social de uma empresa. Ao comprar ações, você pode participar dos eventuais lucros e prejuízos do negócio. Uma das formas de obter lucro na bolsa é com a valorização no preço dos papéis.
Outra possibilidade é receber dividendos e outros proventos. Com a Selic baixa, pode ocorrer aumento no valor de mercado das companhias. Assim, cada parte do negócio tende a valer mais. Além disso, o lucro e a distribuição de proventos também podem ser maiores.
Entretanto, é importante ter em mente que essa alternativa é volátil e sem previsões com relação à remuneração. Dessa forma, a renda variável se diferencia da renda fixa e apresenta maiores riscos — demandando cuidado do investidor.
Fundos imobiliários
Os fundos de investimento imobiliário (FIIs) funcionam de forma coletiva e com a administração de um gestor. O foco deles é reunir recursos de investidores interessados em investir no mercado de imóveis — sendo que suas cotas podem ser compradas na bolsa.
Nesse sentido, os FIIs podem alocar seus recursos em títulos de renda fixa ligados ao setor, fazer negócios a partir da compra, construção e venda de imóveis ou adquirir imóveis para lucrar com aluguel. Tudo dependerá das regras do fundo.
De forma geral, juros mais baixos incentivam o mercado imobiliário, pois os consumidores têm condições melhores para financiar imóveis. Além disso, o aumento do consumo favorece empreendimentos comerciais, como shoppings.
ETFs
O exchange traded fund (ETF) é um fundo também negociado em bolsa. Ele busca acompanhar determinado índice do mercado financeiro. Existe um ETF que replica a carteira teórica do índice Ibovespa, por exemplo, que representa as ações das empresas mais negociadas na bolsa brasileira.
Os recursos do fundo são alocados de acordo com os critérios do indicador, em proporção semelhante ao peso de cada ação. Assim, investir dessa forma pode ser uma estratégia para quem não tem muitos recursos para investir no mercado de ações.
Também existem ETFs de renda fixa ou de fundos imobiliários etc. Logo, eles podem ser uma alternativa interessante para quem deseja diversificar a carteira em alternativas de classes variadas.
BDRs
Por fim, há opções para quem deseja investir em ativos estrangeiros. Os BDRs (brazilian depositary receipt) estavam disponíveis apenas para investidores qualificados até 2020. Ou seja, para pessoas que possuíam mais de R$1 milhão investidos ou profissionais certificados no mercado financeiro.
Atualmente, os BDRs são acessíveis a todos os investidores. Os certificados de valores mobiliários são investimentos emitidos em território brasileiro, por instituições financeiras do país e disponibilizados na bolsa de valores.
Mas eles representam ativos estrangeiros — como ações, títulos de renda fixa, ETFs, entre outros. Os certificados são lastreados nesses ativos. Portanto, são uma forma de expor a carteira às movimentações de mercados de outros países.
Investir com a taxa Selic a 2,75% ao ano pode ser desafiador, certo? Mas o cenário também traz oportunidades na renda fixa e variável. Ao tomar suas decisões de investimento, não deixe de montar uma carteira sólida e com boa gestão de risco — alinhada ao seu perfil e aos seus objetivos!
Gostou de conhecer as alternativas de investimento que trouxemos? Se você ainda não sabe como investir, pode entrar em contato com nossa equipe e conversar com um de nossos assessores!