No universo dos investimentos, entender novas alternativas pode ser o diferencial entre ter uma carteira apenas segura e uma carteira realmente estratégica. O FIDC, ou Fundo de Investimento em Direitos Creditórios, vem se tornando uma das opções mais buscadas por investidores que desejam diversificar o portfólio sem abrir mão do potencial de retorno.
Nos últimos anos, esse tipo de fundo ganhou relevância justamente por unir renda fixa e exposição ao crédito corporativo. Assim, ele se posiciona como uma alternativa intermediária entre segurança e rentabilidade.
Mas afinal, o que é um FIDC? Como ele funciona na prática? E quais os riscos e oportunidades desse investimento?
A seguir, entenda tudo o que você precisa saber para decidir se ele faz sentido para a sua estratégia financeira.
O que é FIDC?
O FIDC é a sigla para Fundo de Investimento em Direitos Creditórios, ou seja, um fundo que investe em títulos de crédito originados de recebíveis de empresas. Em outras palavras, ele compra dívidas que uma companhia tem a receber, como duplicatas, cheques, parcelas de cartão de crédito ou contratos de aluguel.
Dessa forma, o FIDC funciona como uma ponte entre quem precisa antecipar valores e quem quer investir com rentabilidade. A empresa que possui créditos a receber vende esses valores para o fundo com desconto, garantindo liquidez imediata. Já o investidor, ao aplicar no fundo, passa a receber a remuneração baseada nos juros cobrados sobre esses créditos.
Além disso, como a remuneração é atrelada a uma taxa predefinida, o FIDC é classificado como um investimento de renda fixa, embora apresente riscos um pouco mais elevados que os produtos tradicionais.
Como funciona um FIDC?
De modo geral, o FIDC opera de forma semelhante a um fundo de investimento tradicional. Ele reúne recursos de diversos investidores, que compram cotas do fundo. Com esse capital, o gestor aplica majoritariamente (pelo menos 50%) em direitos creditórios, valores que empresas têm a receber de vendas, serviços ou contratos.
Esses créditos são agrupados e transformados em títulos financeiros, permitindo que o fundo receba os pagamentos ao longo do tempo, acrescidos de juros.
Portanto, ao investir em um FIDC, você está adiantando os recebíveis de uma empresa em troca de um retorno financeiro. É como se o investidor “emprestasse” o dinheiro e, em contrapartida, recebesse uma taxa de juros.
Além disso, os FIDCs podem ser estruturados de duas formas principais:
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Abertos: permitem resgates a qualquer momento, respeitando o prazo de liquidez.
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Fechados: o resgate ocorre apenas no vencimento do fundo ou por meio da venda das cotas no mercado secundário.
Essa diferenciação é essencial para que o investidor alinhe o tipo de fundo ao seu perfil de liquidez e horizonte de investimento.
Tipos de cotas em um FIDC
Todo FIDC é estruturado em duas classes de cotas, que definem o nível de risco e a rentabilidade esperada para o investidor.
Cotas sênior
As cotas sênior são mais conservadoras. Elas possuem rentabilidade prefixada e prioridade no recebimento de juros, amortizações e resgates. Por isso, o risco é menor, sendo ideais para quem busca estabilidade e previsibilidade de retorno.
Cotas subordinadas
Por outro lado, as cotas subordinadas envolvem um risco maior. O investidor dessa categoria só recebe após o pagamento integral dos cotistas seniores. Em compensação, o retorno tende a ser mais alto.
Essa estrutura cria uma camada de proteção para investidores conservadores e, ao mesmo tempo, oferece potencial de ganho elevado para quem aceita mais volatilidade.
Quem pode investir em FIDC?
Até pouco tempo atrás, apenas investidores qualificados (com mais de R$ 1 milhão investido) e profissionais (com mais de R$ 10 milhões) tinham acesso a FIDCs.
Contudo, com o novo marco regulatório dos fundos de investimento, em vigor desde outubro de 2023, esse cenário mudou. Agora, qualquer investidor pode aplicar em FIDCs, desde que compreenda os riscos e siga as regras do regulamento do fundo.
Essa mudança ampliou as possibilidades para quem deseja diversificar, permitindo que mais pessoas tenham acesso ao mercado de crédito privado, um segmento que antes era restrito a grandes investidores.
Vantagens de investir em FIDC
Investir em FIDC pode trazer diversas vantagens para a sua carteira. Entre as principais, destacam-se:
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Rentabilidade potencialmente superior: como os créditos rendem juros mais altos, o retorno tende a superar o de produtos tradicionais de renda fixa.
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Diversificação de risco: ao se expor ao crédito corporativo, o investidor amplia o leque de ativos e reduz a concentração em um único emissor.
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Gestão profissional: um gestor autorizado pela CVM toma as decisões de investimento e acompanha o desempenho dos ativos.
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Transparência e segurança: a presença de agências de rating permite ao investidor avaliar o nível de risco do fundo antes de investir.
Além disso, muitos FIDCs são negociados no mercado secundário, o que possibilita liquidez adicional e flexibilidade na gestão do portfólio.
Desvantagens e riscos do FIDC
Por outro lado, é importante destacar os riscos e limitações dessa modalidade. Entre eles:
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Risco de crédito: existe a possibilidade de inadimplência das empresas cedentes.
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Ausência de FGC: diferentemente de produtos como CDBs, o FIDC não conta com a cobertura do Fundo Garantidor de Créditos.
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Menor liquidez: em fundos fechados, o investidor precisa aguardar o vencimento ou vender cotas para ter acesso ao capital.
Por isso, antes de investir, é fundamental avaliar seu perfil e objetivos, garantindo que o FIDC faça sentido dentro de uma estratégia de médio ou longo prazos.
Estrutura e participantes de um FIDC
A estrutura de um FIDC envolve diversos agentes, cada um com funções específicas e complementares:
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Cedente: empresa que vende seus créditos ao fundo;
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Administrador: responsável legal pelo fundo e pela captação dos recursos;
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Gestor: quem toma as decisões de compra e venda dos ativos;
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Custodiante: instituição que guarda e controla os recebíveis;
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Estruturador: instituição ou escritório que monta a operação;
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Cotistas: investidores que aplicam no fundo.
Dessa forma, o FIDC garante governança, segurança e transparência em todas as etapas da operação.
Tributação do FIDC
Em termos de tributação, o FIDC segue as mesmas regras da renda fixa tradicional. Ou seja, o Imposto de Renda (IR) é cobrado de forma regressiva e retido na fonte, conforme o prazo do investimento:
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Até 180 dias: 22,5%
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De 181 a 360 dias: 20%
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De 361 a 720 dias: 17,5%
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Acima de 720 dias: 15%
Além disso, há a incidência de IOF regressivo para resgates antes de 30 dias. Portanto, planejar o prazo da aplicação é essencial para evitar perdas na rentabilidade líquida.
FIDC vale a pena?
De modo geral, o FIDC pode ser uma excelente opção para quem busca diversificação, retorno atrativo e exposição ao crédito corporativo.
Ele combina a previsibilidade da renda fixa com a possibilidade de ganhos acima da média, especialmente para quem investe com visão de longo prazo. No entanto, é fundamental analisar fatores como o rating do fundo, o histórico do gestor e a qualidade dos créditos antes de investir. Uma boa assessoria faz toda a diferença nesse processo.
O FIDC vem se consolidando como um investimento sofisticado, capaz de oferecer rentabilidade, diversificação e acesso ao mercado de crédito privado. Graças às mudanças regulatórias e ao aumento da transparência, esse tipo de fundo tende a ganhar cada vez mais espaço entre investidores que buscam eficiência e inovação.
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