A recuperação judicial da Oi tem sido bastante comentada no mercado, principalmente depois que ela vendeu seus ativos móveis por R$16,5 bilhões.
No fato relevante divulgado pela empresa em setembro de 2020 há uma declaração interessante. A proposta das empresas interessadas – Vivo, Tim e Claro – entraria no processo na condição de stalking horse.
Você tem ideia do que significa? Esse tipo de oferta é comum quando empresas em recuperação judicial precisam leiloar seus ativos. Visto que isso afeta os acionistas e o mercado financeiro em geral, é importante compreender o que stalking horse significa.
Para entender o assunto, continue a leitura!
ACESSO RÁPIDO:
O que é uma oferta stalking horse?
Stalking horse é a oferta inicial e antecipada que um comprador interessado faz para tentar fechar negócio com uma empresa que está em recuperação judicial.
Mas para que você entenda bem o assunto, é preciso compreender o contexto em que ele se aplica. Há empresas que perdem sua saúde financeira, o que pode ocorrer por uma série de motivos. Má administração, declínio nas vendas e falta de preparo para lidar com mudanças são alguns deles.
Pode ocorrer de empresas listadas na bolsa de valores chegarem quase ao ponto de decretar falência. Mas é preciso proteger os direitos dos empregados e os interesses dos investidores, reduzindo os prejuízos destes tanto quanto possível, concorda?
Assim, determina-se a recuperação judicial da empresa, para que ela se reorganize com a supervisão da Justiça. Para isso, a companhia deve ter um plano de recuperação. Nessa fase, a empresa pode procurar potenciais compradores para os seus ativos.
Se conseguir fechar um bom negócio, ela terá condições de acertar sua situação com os acionistas. Mas, antes de darmos mais detalhes sobre a oferta stalking horse, vale a pena falarmos sobre a origem do termo.
De onde veio a expressão “stalking horse”?
Quando caçadores iam caçar aves, eles tinham dificuldade de se aproximar por causa do medo delas. Assim, era muito difícil mirar e acertar o alvo.
EM 2024
Mas eles se deram conta de que elas não tinham medo de outros animais. Por isso, experimentaram se aproximar caminhando ao lado de um cavalo. Desse modo, eles tinham condições de atirar e acertar as aves.
Esse cavalo ficou conhecido como “stalking horse”, que significa cavalo perseguidor. Isso deu origem à expressão idiomática stalking horse, que faz referência a algo que ajuda a defender os interesses de alguém.
É justamente esse o caso da oferta stalking horse. Ela ajuda a defender o interesse da empresa que está em recuperação judicial: seu objetivo é fazer um negócio o mais vantajoso possível. Mas como exatamente isso acontece? Leia seguir!
Como funciona uma oferta stalking horse?
A empresa que está em recuperação judicial precisa levantar recursos para lidar com as suas dívidas. Isso normalmente ocorre por meio de um leilão, que é aberto a qualquer interessado que se qualifique.
No entanto, o cenário levanta uma questão: como evitar que os lances sejam muito baixos? Para lidar com a possibilidade, a empresa procura potenciais compradores no mercado com antecedência.
Em conjunto, eles elaboram um acordo, que, naturalmente, deve beneficiar ambas as partes. O combinado envolve oferecer vantagens ao proponente, uma vez que a posição de stalking horse tem suas desvantagens.
Afinal, o proponente poderia optar por participar do leilão sem dar um lance inicial. Isso evitaria, por exemplo, as despesas relacionadas com a análise de viabilidade.
Logo, um pré-acordo geralmente garante benefícios para o proponente. Eles podem incluir o reembolso de despesas relacionadas com o processo e a definição de uma taxa de rescisão. Pode haver, também, alguma vantagem durante o leilão.
Desse modo, a oferta stalking horse pode beneficiar tanto o comprador interessado quanto a empresa em recuperação.
Exemplos de ofertas stalking horse
Um bom exemplo de oferta stalking horse é a que citamos na introdução. A Vivo, a Claro e a Tim fizeram uma oferta à Oi para comprar seus ativos móveis. As três empresas em conjunto entraram no processo como proponente e ofereceram R$16,5 bilhões.
Essa oferta funcionou como stalking horse no sentido de definir um valor mínimo que fosse interessante para a Oi. Mas podemos citar outros exemplos desse tipo de oferta.
Em 2015, a empresa americana Valeant Pharmaceuticals International Inc. fez uma oferta stalking horse. O objetivo era adquirir determinado conjunto de ativos da Dendreon, uma companhia de biotecnologia.
A oferta inicial de US$296 milhões foi feita no dia 29 de janeiro. No entanto, uma semana mais tarde, os lances de outros interessados elevaram esse valor para US$400 milhões.
Assim, a Valeant não conseguiu fechar negócio com o preço previsto no acordo. E quanto a todas as despesas e o trabalho que ela teve como stalking horse? Foram compensados por uma taxa de rescisão e pelo reembolso das despesas relacionadas com o processo.
No fim, ela ainda deu o lance mais alto do leilão e fechou negócio por US$495 milhões.
Por que é importante conhecer esse conceito?
Será que vale a pena para um comprador interessado ser o stalking horse de um negócio? Como você pode ver, um acordo desse tipo pode oferecer vantagens para ambos os lados. Por meio dele, a empresa em recuperação judicial pode conseguir uma oferta satisfatória.
Quanto ao comprador, conta com vantagens que podem fazer a transação valer a pena. E como fica o investidor nessa questão? É verdade que o fato de a empresa buscar uma solução para os acionistas é um ponto positivo. No entanto, não se deve esquecer dos riscos envolvidos.
Afinal, não se pode prever como as Ações da empresa se comportarão no futuro. Por isso, para comprar ou vender papéis de uma empresa nessa situação, é essencial considerar o seu perfil e os seus objetivos.
A oferta stalking horse pode significar uma oportunidade de uma empresa em recuperação judicial oferecer uma solução adequada a empregados e acionistas. Mas, para evitar investir em companhias sem uma boa saúde financeira, o ideal é fazer uma análise cuidadosa.
Nesse sentido, uma assessoria de investimentos pode ajudar você a montar uma carteira de investimentos sólida!
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