O mercado estrangeiro chama atenção por inúmeros fatores, ainda mais quando pensamos nas várias possibilidades de investimentos em empresas de maior capital. Por isso, aplicar o seu dinheiro em dólar é uma estratégia que pode trazer benefícios para a sua carteira. Antes de achar que vai ser a mil maravilhas, isso vai depender dos seus objetivos e perfil, então saiba um pouco mais sobre isso!
Normalmente, a alta nos juros é um bom sinal para os investimentos em renda fixa, por exemplo, com a Selic em 13,25% ao ano, a remuneração sobe e por um risco menor. A outra notícia é que o aumento nas taxas de juros não é exclusividade do nosso país e isso chama ainda mais a atenção para o mundo lá fora: a renda fixa internacional.
Nos Estados Unidos, o Federal Reserve (Fed) subiu – recentemente – a taxa de juros em 75 pontos-base, sendo a maior elevação registrada no país desde 1994. O ajuste colocou os juros norte-americanos no intervalo de 1,5% e 1,75% e sem perspectiva de que abaixe tão cedo, os analistas acreditam que seja uma boa hora para investir em ativos de renda fixa.
O que é o investimento em dólar?
Mas o que é um investimento em dólar? Bom, vamos começar do começo. Um investimento internacional é um caminho para alocar o seu dinheiro economias diferentes da nossa. As aplicações podem ser diretas (quando a negociação é em ativos estrangeiros) ou indiretas (quando é em alternativas disponíveis no Brasil).
Portanto, os investimentos diretos devem ser feitos com a intermediação de uma empresa estrangeira e você precisaria abrir uma conta internacional, fazer o câmbio da moeda e realizar os aportes. Enquanto os investimentos indiretos não tem tanta burocracia ou custo, através do seu próprio banco de investimentos há alternativas que se expõem ao mercado internacional.
Ponto positivo: dolarização da carteira
Como o mercado dos Estados Unidos é um dos mais escolhidos entre os investidores que querem entrar no mundo estrangeiro, é um cenário que oferece a vantagem da dolarização da carteira. Ou seja, a vinculação dos ativos da carteira à moeda estrangeira.
Ao realizar investimentos que envolvam o mercado dos EUA, os aportes estarão ligados às variações do câmbio e o dólar é historicamente uma moeda mais forte que o real. E por isso, não está tão relacionado a instabilidades econômicas e políticas — o que é muito comum no Brasil.
Além disso, a relação entre o dólar e a bolsa brasileira precisa ser levada em conta. É comum que eles tenham uma correlação negativa. Geralmente, se a bolsa está desvalorizada, o dólar se valoriza frente ao real. O movimento contrário também ocorre.
Quando a bolsa está em alta, ela atrai mais investimentos estrangeiros. Assim, a oferta de dólar aumenta e ele tem uma desvalorização. Por outro lado, com a bolsa em queda, o dólar é retirado do país, o que o valoriza pela baixa oferta.
Renda fixa de empresas americanas
Nos EUA, também é possível – assim como no Brasil – investir em títulos de dívidas de empresas corporativas, como as gigantes Google e Amazon. Único ponto é que é uma opção para investidores mais avançados, pois o investimento mínimo é de US$ 10 mil.
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É uma alternativa atrativa em que dá para comprar um portfólio de empresas em um ETF, se expondo no curto ou longo prazo, vista como uma maneira de diversificar com segurança a carteira. Veja alguns exemplos:
Nome | Vencimento | YTM* |
Alphabet Inc | 15/8/2027 | 3,70% |
Amazon.com Inc | 13/04/2027 | 3,94% |
Apple Inc | 09/02/2027 | 3,72% |
Microsoft Corp. | 08/08/2026 | 3,53% |
Fonte: *Yield to Maturity é a taxa de retorno do ativo se levado até o vencimento.
Renda fixa de empresas brasileiras no exterior
Subindo mais um pouco a régua, os investidores que estão dispostos a colocar US$ 50 mil em um investimento mínimo, podem acessar os títulos de dívidas de empresas brasileiras que são emitidos no exterior, como Vale, Itáu ou Embraer.
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Mesmo não sendo uma opção democrática por causa do custo elevado, são uma boa opção porque o investidor recebe o dinheiro direto na sua conta internacional e com benefícios tributários. Inclusive, tendo um retorno maior que a poupança brasileira e ainda em dólar.
Nome | Vencimento | YTM* |
Banco do Brasil | 18/06/2024 | 8,71% |
Itaú Unibanco | 15/01/2026 | 7,27% |
Embraer | 17/10/2027 | 7,45% |
Petrobras | 20/01/2040 | 7,13% |
Vale | 21/11/2036 | 5,88% |
Fonte: *Yield to Maturity é a taxa de retorno do ativo se levado até o vencimento.
5 Formas de investir no mercado internacional em dólar
Além das opções dadas em renda fixa, conheça 5 formas de investir em mercados estrangeiros e as características de cada alternativa.
1. Investimento direto
A primeira forma de investir no mercado internacional é o aporte direto. Você já entendeu como ele acontece: o investidor negocia os ativos e títulos estrangeiros por meio de uma empresa internacional que os comercializa.
Para isso, é preciso abrir uma conta em um banco de investimentos do país em que se deseja fazer o aporte. Existem diversas instituições que fazem esse serviço, mas nem todas aceitam cadastros de não residentes.
Além disso, o procedimento pode ser bastante burocrático, pois é preciso enviar os documentos solicitados pelo banco. Depois de ter a conta aprovada, será necessário transferir o dinheiro para a conta vinculada e fazer o câmbio, tendo em vista que deve se utilizar a moeda local.
Então é possível escolher os investimentos disponíveis na plataforma e fazer os aportes. Mas uma dica importante é entender como funciona a tributação no país escolhido e como são os possíveis acordos de tributação entre o Brasil e esse local.
Como você viu, essa opção não é a mais prática para o investidor, tendo em vista que ela seguirá as regras do país escolhido. Então questões como regulação, títulos e ativos disponíveis, idioma e tributação seguirão a legislação de lá.
2. Fundos internacionais
A segunda forma de se expor a investimentos estrangeiros são os fundos internacionais. Essa alternativa está disponível nas principais plataformas brasileiras, principalmente os bancos de investimentos, como o BTG Pactual.
Os fundos de investimento são uma forma de fazer aportes coletivos. Esses veículos são lançados no mercado e têm uma estratégia definida pelo regulamento. Os interessados em participar de seus resultados adquirem cotas que representam uma parcela do patrimônio.
Quem fica responsável pelas movimentações do capital é o gestor profissional. Ele deve seguir o regulamento e utilizar os seus conhecimentos do mercado para buscar a finalidade do fundo. Assim, os cotistas podem ter ganhos com a valorização do portfólio.
O funcionamento dos fundos é regulado pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que é um órgão do mercado financeiro. Por isso, eles devem seguir regras e ser transparentes com os investidores — o que traz segurança institucional.
Em relação aos fundos internacionais especificamente, eles são aqueles que investem majoritariamente em ativos ou títulos de países estrangeiros. Como cada fundo pode adotar estratégias diversas, o investidor deve pesquisar bem as opções.
Ademais, é fundamental saber que eles podem não ser acessíveis a todas as pessoas. Muitos são exclusivos para investidores qualificados — investidores que têm, comprovadamente, R$ 1 milhão investidos ou apresentam certificados profissionais do mercado financeiro.
3. ETFs
ETF é a sigla para exchange traded fund. Conhecidos como fundos de índice, eles também são um tipo de fundo de investimento. Dessa forma, o funcionamento que você aprendeu no tópico anterior é válido para eles.
O grande diferencial dos ETFs é o seu objetivo: eles têm a finalidade de espelhar os resultados de um índice financeiro previamente escolhido. Assim, a valorização ou desvalorização do patrimônio será atrelada ao indicador desejado.
Para isso, o gestor comporá o portfólio do fundo com os ativos que o índice busca seguir, em suas devidas proporções. Logo, os ETFs envolvem uma gestão passiva da carteira — já que o intuito não é superar o indicador.
Isso significa que o gestor não adotará esforços para potencializar a rentabilidade ou mesmo para se proteger de movimentos de queda. A ideia é realmente replicar o índice escolhido, em qualquer situação do mercado.
Os ETFs são fundos de condomínio fechado. Então, após a oferta pública inicial, as suas cotas só são negociadas em mercado secundário. No Brasil, o investidor pode encontrá-los na bolsa de valores, a B3.
Os fundos de índice podem investir tanto em renda fixa quanto em renda variável. Eles também podem se expor a indicadores nacionais ou internacionais. Assim, é uma opção adquirir cotas de ETFs que seguem índices de outros mercados.
Um exemplo comum é S&P 500, que demonstra os resultados das 500 ações mais negociadas dos Estados Unidos. Esse indicador é conhecido mundialmente, pois serve como um termômetro do mercado de capitais norte-americano.
Além dele, o investidor pode escolher outros ETFs, de acordo com sua estratégia de investimentos. Para isso, basta acessar o home broker e verificar as cotas disponíveis para compra e venda e os índices atrelados.
4. COEs
Os certificados de operações estruturadas (COEs) são uma forma de investimento que une características da renda fixa e da renda variável em uma só alternativa. Eles começaram a ser negociados no Brasil em 2015, mas já eram famosos em mercados estrangeiros.
COEs são emitidos por instituições financeiras, como os bancos de investimento, e o retorno é atrelado a um conjunto de ativos ou derivativos. Assim, eles podem ser entendidos como um pacote de investimentos que definem os rendimentos.
É comum que os COEs abarquem ativos como ações, commodities, câmbio, índices, títulos da renda fixa e alternativas internacionais. Todas essas informações são divulgadas ao investidor previamente, bem como o aporte mínimo, a data de vencimento, condições etc.
Nesse sentido, é importante falar que a possível rentabilidade do COE tem um limite. Assim, o investidor já saberá, antes do aporte, qual é o máximo de retorno esperado. Contudo, como cada COE tem regras diferentes, é fundamental analisar as alternativas para entender essa regra.
O investidor também deve entender que existem dois tipos de COE e eles se diferem, principalmente, em relação aos riscos do investimento. O primeiro deles é o COE de valor nominal protegido.
Nesse certificado há a garantia de que, no vencimento, o investidor receberá no mínimo o seu capital investido. Ou seja, mesmo que a combinação de ativos tenha apresentado desvalorização no período, não haverá perdas do que foi investido.
Mas essa devolução diz respeito ao valor nominal, então não há correção de inflação ou juros. O segundo tipo é o COE de valor nominal em risco. Como você deve imaginar, nele não há garantia contra perdas — até o limite investido.
5. BDRs
Outra forma de investir em dólar são os BDRs. Essa é a sigla para brazilian depositary receipts, comumente traduzido para certificado de depósito de valores mobiliários. Você pode encontrá-los na bolsa de valores brasileira, como os ETFs.
Eles são certificados negociados no Brasil que representam ações e outros ativos emitidos em países estrangeiros. Então não se pode dizer que os BDRs se tratam dos próprios ativos, mas sim um certificado lastreado neles.
Para isso, uma empresa depositária adquire os ativos estrangeiros, os deixa sob custódia em uma instituição custodiante e emite os BDRs com lastro neles. Depois, o investidor pode adquirir os certificados na bolsa e se expor a alternativas do mercado internacional.
Apesar de não ter os ativos diretamente, o investidor terá exposição aos resultados porque os BDRs apresentam as mesmas oscilações dos ativos a que estão lastreados. Contudo, como também há influência do câmbio, a paridade não será perfeita, podendo haver algumas variações.
Devo me preocupar com os meus investimentos?
Com um número acima do esperado pelos analistas, a inflação nos Estados Unidos (EUA) ficou em 8,3% no acumulado em 12 meses até agosto. O resultado foi abaixo dos 8,5% do mês anterior, de acordo com os dados divulgados no meio de setembro, pelo Departamento do Trabalho norte-americano.
A nova estatística indica como a aposta segue sendo em taxas de juros mais altas. Isso se deve ao aumento dos preços de alojamento, alimentação e saúde, compensados parcialmente pela queda de 10,6% nos índice da gasolina.
O índice de alimentos continuou a subir, com alta de 0,8% no mês, assim como o índice de alimentação no domicílio cresceu 0,7%”. Além disso, o índice de energia recuou 5% no mês e mesmo com a queda no índice da gasolina, houve altas em eletricidade e gás natural.
O que fazer com um cenário assim? É o momento em que várias perguntas pairam na cabeça de qualquer investidor, afinal, a inflação já chegou ao pico nos Estados Unidos? Devo me preocupar com os meus investimentos? As taxas vão aumentar sem parar? Calma, confira a resposta aqui.
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