A situação das contas públicas tem grande impacto na atividade econômica, o que afeta as perspectivas de investimentos e as oportunidades disponíveis. É por isso que, como investidor, é preciso conhecer o déficit público.
Dependendo do comportamento do Governo em relação aos gastos, é possível entender o risco que o país representa e quais os efeitos que tal quadro pode gerar. Assim, você pode fazer escolhas mais conscientes quanto ao portfólio de investimentos e seus resultados.
Para compreender como o conceito funciona, veja o que é o déficit público e saiba como ele pode afetar seu cotidiano!
O que é o déficit público?
Ao pensar nas contas públicas, há dois conceitos que são especialmente importantes: o déficit e o superávit. O déficit acontece quando as entradas de dinheiro são menores que as saídas. Ou seja, os gastos superam os ganhos. Já no superávit ocorre o contrário.
O déficit público, especificamente, consiste na diferença negativa que existe entre o que é arrecadado e o que é gasto pelo Governo diante de suas obrigações em diversos setores.
Como ele ocorre?
Para entender melhor a ideia de dívida pública, é preciso saber que a arrecadação de recursos de um Governo é feita, em sua maioria, por meio dos impostos. A captação de dinheiro pela emissão de títulos públicos, em troca de remunerar o investidor, não é considerada arrecadação, mas dívida.
Como os recursos são limitados, o Governo precisa elaborar um orçamento, prevendo para onde cada quantia será destinada. Porém, há despesas que são obrigatórias. É o caso do pagamento do funcionalismo público e a porcentagem obrigatória de investimentos em áreas estratégicas.
Considerando essas e outras necessidades, pode ocorrer o déficit público. Em regra, um país está em déficit sempre que as despesas forem maiores que o montante captado na forma de impostos.
Quais são os tipos de déficit público?
Apesar de o déficit público ser um conceito abrangente e que indica a situação de desequilíbrio de contas, ele não acontece de uma só maneira. Há mais de um tipo de déficit para considerar e, a seguir, você conhecerá quais são os principais.
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Déficit primário
O déficit primário é aquele calculado com valores brutos, sem avaliar o impacto dos juros ou da correção monetária. Logo, são considerados apenas os valores de arrecadação e de gastos para o período. Se houver uma diferença negativa, é sinal que existe o déficit primário.
Déficit operacional
Já o déficit operacional usa somente o impacto dos juros, sem incluir a correção monetária sobre os valores. Com isso, o déficit primário é somado aos custos do Governo com o pagamento de juros.
Déficit nominal
Por sua vez, o déficit nominal inclui todas as despesas do Governo, incluindo os juros e a correção monetária. Portanto, indica o resultado real das finanças públicas, demonstrando, efetivamente, a diferença existente.
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Como o déficit público é calculado?
Ao conhecer os tipos de déficit público é possível ter uma noção de como esse montante é calculado, considerando cada classificação.
No caso do déficit nominal, que corresponde ao valor real, o cálculo é dado da seguinte maneira:
Déficit público = Receita arrecadada – Gastos públicos + Variação patrimonial + Variação do volume de moeda em circulação – Serviço da dívida
Em relação à receita arrecadada, ela é dada pela soma dos valores obtidos com a cobrança de impostos e com os dividendos distribuídos por empresas públicas. Os gastos públicos envolvem todas as despesas com aposentadorias, educação, saúde, infraestrutura e outros pontos relevantes.
Já a variação patrimonial é dada pela compra de ativos ou pela venda deles, por meio das privatizações. Além disso, a variação monetária está atrelada à inflação do país, pois o aumento das moedas em circulação costuma elevar a pressão inflacionária.
Por fim, o serviço da dívida inclui os juros que estão atrelados tanto à dívida interna quanto à dívida externa.
Ao final, o déficit público pode ser expresso em relação ao percentual do Produto Interno Bruto (PIB). Ou seja, é possível demonstrar quanto das riquezas geradas estaria comprometido para realizar o pagamento da dívida pública da economia brasileira.
Quanto maior for o comprometimento do PIB pelo déficit público, pior tende a ser a situação financeira do país — o que aumenta o risco geral. Além disso, comparar a dívida com o PIB permite fazer um acompanhamento, ano a ano, da evolução dos débitos.
Por que é importante conhecer esse conceito?
Como investidor, saber o que é o déficit público e como ele funciona é essencial. Afinal, suas decisões podem ser diretamente afetadas por ele. Isso porque a diferença negativa entre ganho e arrecadação faz com que a dívida pública cresça, já que torna necessário buscar outras fontes de recursos.
No caso de um país emergente como o Brasil, a existência do déficit com consequente crescimento da dívida pública costuma gerar desconfiança por parte dos investidores internacionais. Isso pode rebaixar a nota de crédito do país junto às agências de avaliação, fazendo com que ele seja considerado de alto risco.
Como resultado, os investidores internacionais podem decidir retirar seus recursos do país. O movimento, por sua vez, pode afetar toda a estrutura financeira e de investimentos.
Para tentar manter o interesse externo, é possível que aconteça um movimento voltado para a elevação da taxa de juros — no caso brasileiro, da taxa Selic. Em contrapartida, a medida torna a dívida pública mais cara, o que gera uma condição conflituosa entre os interesses.
Para completar, o déficit público pode levar ao aumento de impostos para melhorar a arrecadação. Isso pode tornar diversos segmentos menos aquecidos, além de comprometer o lucro e o desenvolvimento de empresas. Na prática, ele traz impactos aos investimentos na renda variável.
No geral, um déficit elevado e/ou contínuo pode ser indicador de dificuldades econômicas no país, o que afeta os resultados no mercado financeiro. Portanto, como investidor, é essencial conhecer esse conceito e como ele pode afetar suas decisões e o retorno no mercado.
Com essas informações, você já sabe o que é o déficit público e pode entender como ele pode afetar seus investimentos. Portanto, aproveite essa avaliação para reconhecer o cenário completo e auxiliar nas suas escolhas de investimento.
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