Investimentos considerados responsáveis estão sendo cada vez mais demandados pela comunidade de investidores. Por isso, para te ajudar a navegar nesse tema, que ainda é novo para o mercado, apresentamos a seguir a Carteira Recomendada de ESG.
Esse é um material elaborado pelo BTG Pactual, eleito como melhor time de Research da América Latina.
Como a carteira recomendada ESG é montada
Antes de mais nada, é preciso entender quais são os critérios para um ativo fazer parte da carteira recomendada ESG.
O primeiro passo para montar nosso portfólio foi identificar macro temas relacionados a ESG, que são materiais para a América Latina e podem definir tendências na região. Definimos 8 temas que, em nossa percepção, se tornarão cada vez mais importantes e podem representar ameaças para alguns setores e oportunidade para outros.
Depois disso, identificamos empresas que abordam esses temas (ou seja, aquelas com sólidas práticas de governança corporativa ou que trabalham para aumentar a diversidade) ou empresas com um modelo de negócios que se beneficia desses temas (ou seja, aquelas cujo principal negócio é a geração de energia limpa ou gestão de resíduos).
Depois de definir esse universo, reduzimos o número de empresas ao entender quais têm boas práticas ESG. Das empresas restantes, escolhemos as 10 em que nossos analistas têm uma classificação de Compra e acreditam ter um momentum positivo. Nosso portfólio será revisado mensalmente.
Uma empresa com baixos padrões ESG podem fazer parte do portfólio? Sim, se o valuation for atraente o suficiente e se acreditarmos que, apesar dos baixos padrões atuais da empresa X, ela está correndo atrás para reduzir o gap.
Os 8 temas macro na carteira ESG
#1 Economia de baixo carbono
A mudança climática é a principal ameaça à humanidade e a maneira mais rápida de lidar com essa questão é limitando, compensando e/ou reduzindo as emissões de carbono.
196 nações (incluindo o Brasil) assinaram o Acordo de Paris, comprometendo-se a limitar o aquecimento global a menos de 2, preferencialmente a 1,5 graus Celsius, em comparação com os níveis pré-industriais.
Muitos governos já regulam as emissões de carbono das empresas e, embora o Brasil não tenha nenhuma regulamentação sobre o assunto, exceto os CBIOs, muitas empresas já estão se comprometendo a zero “líquido” de emissão e/ou compensar suas emissões de carbono.

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#2 Transição para energia limpa
É impossível fazer a transição para uma economia de baixo carbono sem aumentar o uso de energia limpa. Para chegar a zero “líquido” até 2050, os investimentos em energia limpam já começaram e devem se intensificar nesta década.
De acordo com a Agência Internacional de Energia (AIE), as energias renováveis devem representar 90% do crescimento da capacidade do setor global de energia em 2021 e 2022.
Se o setor de energia seguir o plano de chegar a zero líquido até 2050, a participação da oferta das energias renováveis na eletricidade global deve crescer de 27% em 2019 para 60% em 2030, enquanto a participação das usinas a carvão sem Captura, Uso e Armazenamento de Carbono (CCUS) cai drasticamente de 37% em 2019 para 6% em 2030.
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E apesar da energia brasileira sendo mais limpa do que em muitos países desenvolvidos, localmente também observamos uma tendência de investimentos em geração de energia eólica e solar.
#3 Net promoter score (NPS)
Em um mundo de capitalismo de partes interessadas, os clientes são provavelmente os stakeholders mais importantes das empresas – no final do dia, você não pode vender um produto ou serviço se não tiver um cliente.
O NPS é a melhor métrica para medir a satisfação do cliente e um NPS alto provavelmente significa que a empresa tem espaço para aumentar a participação no mercado, tem clientes fiéis e está próxima o suficiente para entender suas necessidades – o que provavelmente também trará inovação.
#4 Inovação
Isso sempre foi importante para as empresas, mas tornou-se crucial à medida que o avanço tecnológico aumentava a concorrência (e reduzia as barreiras para novos entrantes) em diversos setores.
Empresas com boas práticas ESG também tendem a ser inovadoras, principalmente devido à sua força de trabalho diversificada (diversidade traz criatividade), foco de longo prazo (que cria um ambiente onde as pessoas são incentivadas a experimentar) e forte relacionamento com os stakeholders, especialmente clientes e fornecedores (essas empresas estão próximas o suficiente dos clientes para ouvir feedbacks e entender suas necessidades, enquanto os fornecedores são vistos como parceiros que trazem soluções e crescem junto com as empresas).
#5 Digitalização
A digitalização é uma tendência social, que está desestruturando algumas empresas e setores, mas também trazendo várias oportunidades.
A digitalização traz diversas oportunidades de escala para as empresas e aumenta as opções que os clientes têm – bem como a velocidade com que podem contratar ou cancelar produtos/serviços.
#6 Diversidade
Aumentar a diversidade e a inclusão é um desafio para as empresas, mas muitos estudos mostram que um ambiente diversificado e inclusivo é positivo para os resultados.
É mais fácil atrair e reter talentos em uma força de trabalho diversificada e um ambiente diversificado tende a ser mais criativo, o que favorece a inovação.
#7 Boas práticas de governança corporativa
A governança corporativa envolve ética, planejamento estratégico, transparência, processos e responsabilidade. Deve ser a base do ESG, pois entendemos que uma empresa não pode causar um impacto socioambiental positivo no longo prazo sem boas práticas de governança corporativa.
#8 Gestão de resíduos/economia circular
Outro desafio da sociedade é reduzir a quantidade de resíduos enviados para aterros. Vemos empresas já se comprometendo com políticas “sem resíduos”, criando uma infinidade de oportunidades para empresas que trabalham com reciclagem, economia circular, materiais compostáveis e tratamento de resíduos.
Composição da carteira ESG
As empresas escolhidas para o portfólio ESG de março são 3tentos, B3, Eletrobras, Equatorial, Itaú, Orizon, Sabesp, Suzano, TIM e WEG. Equatorial entra no lugar de Cyrela, em um movimento mais defensivo.
No setor de serviços básicos, Equatorial é uma tese de carrego atrativa, sendo a melhor empresa do setor e uma forma de exposição a assimetria das taxas reais de longo prazo. A Eletrobras tem uma TIR de 12,5% e vem reduzindo os riscos ao melhorar a governança, a complexidade da operação e com uma política de dividendos. A Orizon negocia com uma TIR real interessante, combinando receitas estáveis com grande opcionalidade de crescimento em um setor fragmentado. A Sabesp continua como uma posição relevante, com uma TIR de 10,3% e potencial de crescimento impulsionado por possíveis surpresas regulatórias, maior eficiência operacional e expansão para novos municípios em São Paulo.
A 3tentos se destaca pelo alto crescimento e elevada rentabilidade no agronegócio brasileiro, suportada por um modelo de negócios integrado, forte momento de resultados e elevados retornos sobre os investimentos recentes.
A B3 negocia a múltiplos historicamente baixos e oferece um yield esperado de cerca de 10% com dividendos e recompras de ações, tornando-se uma opção defensiva dentro do grupo de empresas de maior beta no Brasil. No setor financeiro, Itaú segue no portfólio, possivelmente em sua melhor fase, bem-preparado para enfrentar diferentes cenários, sejam adversos ou mais favoráveis.
A TIM permanece na carteira devido à expectativa de forte retorno de capital aos acionistas, fator que deve sustentar a ação e torná-la uma alternativa atrativa para momentos de incerteza de mercado.
No setor de bens de capital, a WEG continua como um nome essencial, beneficiada por tendências de crescimento seculares, alta rentabilidade e exposição à eletrificação, apesar do valuation elevado. A Suzano segue na carteira devido ao rápido processo de desalavancagem financeira e a um valuation atrativo, com a ação precificando uma curva de celulose insustentavelmente baixa.
Confira, abaixo, a carteira recomendada ESG para este mês.
Empresa | Código | Peso | ADTV (R$ milhões) |
Potencial de alta (%) | Valor de Mercado (R$ Milhões) | P/L 25 | ||
3tentos | TTEN3 | 10% | 14 | 83,9% | 7.046 | 10,4 | ||
B3 | B3SA2 | 10% | 513 | 4,9% | 69.421 | 12,4 | ||
Eletrobras | ELET3 | 10% | 314 | 43,6% | 90.871 | 9,3 | ||
Equatorial | EQTL3 | 10% | 259 | 49,0% | 36.96 | 10,4 | ||
Itau | ITUB4 | 10% | 787 | 22,4% | 334.728 | 7,2 | ||
Orizon | ORVR3 | 10% | 19 | 32,9% | 3.623 | 12,7 | ||
Sabesp | SBSP3 | 10% | 383 | 33,9% | 67.872 | 12,9 | ||
Suzano | SUZB3 | 10% | 403 | 49,6% | 68.049 | 4,5 | ||
TIM | TIMS3 | 10% | 121 | 27,1% | 41.904 | 11,6 | ||
WEG | WEGE3 | 10% | 319 | 30,5% | 196.098 | 25,7 |
Fonte: Estimativas do BTG Pactual
Quanto rende a carteira recomendada de ESG
Nos últimos 30 dias, nosso portfólio ESG (-1,9%) teve um desempenho abaixo do Ibovespa (+0,6%) e acima do benchmark (S&P/B3, +2,0%).
Performance Ponderada (%) | |||
3tentos | -1,4% | ||
B3 | 1,1% | ||
Cyrela | 0,5% | ||
Eletrobras | 0,8% | ||
Itau | -0,1% | ||
Orizon | -0,3% | ||
Sabesp | -0,2% | ||
Suzano | -0,8% | ||
TIM | -0,1% | ||
WEG | -1,3% | ||
Portfolio | -1,9% | ||
Ibov | 0,6% | ||
Benchmark | 2,0% |
Fonte: BTG Pactual
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