Radar: Bolsas caem em semana de eventos raros, e o que esperar agora

Repórter segurando microfone, em detalhes.
Repórter segurando microfone, em detalhes.

Atípica. A semana começou e terminou com eventos raros. Observamos uma tentativa de assassinato ao presidenciável Donald Trump nos Estados Unidos, apagão cibernético global e terremoto no Chile com reflexos em São Paulo. Também acompanhamos uma interrupção nos ganhos das bolsas, no Brasil e no exterior.

Mercados na semana

  • Ibovespa: -0,99% | 127.616 pontos
  • S&P 500: -1,97% | 5.505 pontos
  • Nasdaq: -3,65% | 17.727 pontos
  • Dólar: +3,18% | R$ 5,6039
  • Bitcoin: +15,71% | US$ 67.007

À espera de nova sinalização

Ciclo interrompido. Após conquistar uma série de 11 pregões consecutivos com ganhos e voltar a se aproximar dos 130 mil pontos, a Bolsa brasileira voltou a ter uma semana no vermelho. O motivo? Sempre ele, o fiscal.

O que aconteceu?

E agora? Eventos importantes para ficar de olho:

22 de julho. Divulgação do Relatório Bimestral de Receitas e Despesas. Esse material deve detalhar o congelamento anunciado por Haddad e abordar qual será o tamanho do corte de gastos necessário para cumprir com as metas fiscais neste ano.

31 de agosto. Data-limite para o governo enviar ao Congresso o Projeto de Lei Orçamentária Anual. Esse é o documento que estima as receitas e despesas públicas para 2025.

Você também deve saber:

Estradas se cruzando em vista aérea.

Rotação e ‘Trump Trade’: os termos do momento

Entre os investidores internacionais, esse é um dos assuntos que estão mais em alta do momento. Entenda:

Mudanças. No mundo dos investimentos, rotação significa a troca de posições dos investidores entre setores. O setor de tecnologia, por exemplo, tem sido o grande responsável pelo forte desempenho do mercado americano neste ano – basta notar que o Nasdaq Composite, índice focado em tecnologia, valorizou mais de 20% neste ano.

Novo cenário. A perspectiva cada vez mais forte de cortes de juros em setembro nos Estados Unidos tem levado os investidores a repensarem suas carteiras. Apostas crescentes para uma vitória de Donald Trump nas eleições presidenciais e rumores de que Biden está próximo de desistir da corrida também se somam a este novo ambiente.

‘Trump trade’. Outro termo que você pode encontrar no noticiário. Ele não é novo: esteve em alta nas eleições de 2016, e se refere a como o mercado pode reagir a uma eventual vitória nas eleições presidenciais.

Investidores têm esperado por mais desregulação, cortes de impostos e aumento de gastos. Esse ambiente pró-negócios trouxe impactos positivos nos mercados em seu último mandato.

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Mas será que a história se repete? Desta vez, há dúvidas se uma reaceleração da economia e da inflação poderia levar o Federal Reserve a adotar uma cautela maior, e os investidores a buscarem ativos mais seguros e de empresas domésticas.

Quem ganha. Setores mais tradicionais e small caps, por ora. O índice Russell 2000, focado em small caps, teve sua melhor sequência desde abril de 2020, quando ganhou mais de 11,5% em um intervalo de cerca de uma semana. O Dow Jones Industrial Average, focado em empresas de setores mais tradicionais, também teve boa performance, embora mais tímida.

Veja, abaixo, o desempenho nos últimos 30 dias.

Desempenho dos principais índices de ações entre junho e julho, com destaque para o índice de small caps Russell.

Você também deve saber:

Mulher em ambiente de trabalho com diversas telas.

Contas do apagão cibernético

Voos cancelados, bancos com problemas de conexão, empresas dos mais variados setores com interrupções em seus sistemas. Esses foram apenas alguns dos impactos sentidos ao redor do mundo pelo apagão cibernético global.

Leitura rápida

Pane. Na manhã desta sexta-feira, a empresa de cibersegurança CrowdStrike confirmou que um problema de atualização em um de seus softwares impactou usuários de Windows, o sistema operacional da Microsoft, ao redor do mundo.

Quem é a Crowdstrike. Fundada em 2011, no Texas, a companhia opera em mais de 170 países, com mais de 29 mil clientes. De acordo com dados de quinta-feira, a companhia tinha um valor de mercado de US$ 83,5 bilhões.

Segundo a imprensa americana, seu software de cibersegurança, que detecta e bloqueia ameaças hacker, é usado por inúmeras empresas da Fortune 500. Ela também auxiliou em diversas investigações de cibersegurança para o governo americano ao longo dos últimos anos.

Impactos nos mercados. Apesar do apagão global, os impactos iniciais no mercado financeiro parecem estar mais concentrados na própria CrowdStrike. As ações da Microsoft, por exemplo, recuam, mas em magnitude muito inferior – abaixo, inclusive, da queda registrada pelo índice Nasdaq. A ver a contabilização dos impactos nos próximos dias.


Desempenho de ações da Microsoft e CrowdStrike durante apagão cibernético.

Termelétrica ao fundo, com flores em primeiro plano.

Movimentos nos mercados de capitais

No cenário corporativo, a semana também foi marcada por importantes operações nos mercados de capitais que chamaram a atenção.

Visão geral:

Eneva. Mudança importante no setor de energia. A empresa anunciou um aumento de capital de R$ 4,2 bilhões e a aquisição de quatro termelétricas do BTG Pactual.

No novo arranjo, a Eneva reduz sua alavancagem, o BTG se torna o principal sócio da companhia, e o banco ainda se compromete a utilizar a Eneva como seu veículo exclusivo para investir nos setores de geração térmica e de produção de gás.

BTG Pactual. O banco continuou em destaque no noticiário corporativo. Agora, com a aquisição de 100% do capital da Sertrading, empresa focada em comércio exterior, especialmente em importação, atuando em todas as etapas do processo: desde os trâmites financeiros a tributários e burocráticos.     

SmartFit. Movimentação também no setor fitness. A rede de academias SmartFit anunciou a compra da marca Velocity, conhecida por suas aulas coletivas de spinning, por R$ 183 milhões. A aquisição tem como objetivo consolidar o grupo como líder no segmento de estúdios fitness premium – ela também é dona das marcas Race Bootcamp, One Pilates, Vidya, Jab House e Tonus Gym.

Sabesp. Avanço no processo de privatização, que colocou a Equatorial como investidor estratégico da Sabesp. Com a operação, o governo de São Paulo arrecadou R$ 14,8 bilhões. Já a Sabesp possui um plano de investimento obrigatório de R$ 68 bilhões até 2029 para a universalização dos serviços de água e esgoto.

Como a semana se refletiu nos seus investimentos?

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