O mercado de apostas esportivas, popularmente conhecido como “bets”, vem crescendo de forma assustadora no Brasil. Com o avanço das plataformas online, as bets tornaram-se acessíveis a um grande número de pessoas, tendo um impacto direto na economia e no comportamento financeiro dos brasileiros.
Segundo o levantamento Raio X do Investidor Brasileiro 2023, da Anbima, aproximadamente 22 milhões de brasileiros – representando 14% da população – usam apps de bets, enquanto apenas 2% investiram na bolsa de valores no mesmo ano.
Neste blog, vamos explorar como esse mercado afeta a economia brasileira e entender o papel da regulamentação, dos vieses comportamentais e da influência das bets em relação aos investimentos.
O que são bets esportivas?
As apostas esportivas, ou bets, são um jogo em que o apostador se arrisca em previsões. No Brasil, esse mercado envolve principalmente futebol, mas também abrange esportes como tênis, basquete e até mesmo as famosas corridas de cavalos.
Contudo, com a chegada das plataformas digitais – principalmente os apps das casas de apostas –, em paralelo à presença em massa nas televisões e redes sociais, o alcance e popularidade desse tipo de jogo de azar cresceu exponencialmente no país.
Afinal, basta ter um celular em mãos para apostar, não é mesmo? Esse tipo de acessibilidade permite que qualquer pessoa com acesso à internet possa participar, impulsionando ainda mais esse mercado, em todas as classes e faixas etárias.
Além de apostas simples no resultado de uma partida, as bets incluem diferentes opções, como prever o número de gols, escanteios ou até mesmo o desempenho individual de atletas.
As bets podem ser consideradas como um tipo de investimento?
As apostas esportivas têm ganhado cada vez mais popularidade, especialmente entre aqueles que buscam uma forma rápida de obter lucros.
É preciso entender que as bets não são uma forma alternativa de investir. Investir é sobre construir riqueza ao longo do tempo, enquanto esse tipo de aposta é apenas uma forma de brincar com a sorte através de um jogo de azar.
A principal diferença está no controle sobre o risco. No mercado financeiro, o investidor pode tomar decisões informadas com base em dados econômicos e análises de mercado. Nas bets, o resultado é amplamente imprevisível, dependente de fatores aleatórios e do desempenho de atletas ou times.
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As apostas esportivas podem parecer tentadoras pela promessa de ganhos rápidos, mas os riscos superam muito os potenciais benefícios, acredite.
Encarar esses jogos como uma forma de investimento – pensando em ganhar mais dinheiro para pagar dívidas, gastar ou até mesmo usar de outra forma mais consciente – é um erro que pode gerar grandes perdas e novos problemas financeiros, como contextualiza o gráfico a seguir.
Como os vieses comportamentais influenciam o impacto das bets na economia e investimentos?
Podemos facilmente relacionar esse contexto das bets, assim como nos investimentos, com a influência de vieses comportamentais, que distorcem a avaliação dos riscos e das recompensas envolvidas.
O viés da ancoragem, onde os apostadores se baseiam em resultados passados para tomar decisões futuras, e o viés do otimismo, que leva os indivíduos a subestimar os riscos e superestimar suas chances de ganhar.
Além desses, a ilusão de controle faz com que muitos apostadores acreditem que podem prever os resultados.
Já o viés da disponibilidade faz com que eventos recentes de grandes ganhos recebam mais atenção do que as frequentes perdas, perpetuando a participação em apostas apesar das baixas probabilidades de sucesso.
Esses problemas contribuem para o comportamento impulsivo, tanto nas bets quanto nos investimentos, e podem resultar em perdas significativas.
A conscientização sobre esses vieses comportamentais é essencial para que tanto apostadores quanto investidores tomem decisões mais racionais.
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O impacto das bets na economia brasileira
De acordo com um relatório recente do Itaú, nos 12 meses encerrados em junho de 2024, o gasto líquido dos brasileiros com bets foi de R$ 23,9 bilhões – além disso, o estudo indica que, durante esse período, o total gasto em apostas foi de R$ 68,2 bilhões, dos quais R$ 44,3 bilhões retornaram aos apostadores na forma de prêmios.
Outro levantamento, feito pelo Banco Central, faz uma revelação preocupante: 5 milhões de beneficiários do Bolsa Família transferiram R$ 3 bilhões para bets esportivas em agosto de 2024.
Mas afinal, qual é o tamanho do mercado de apostas? Em 2024, chegou a quase R$ 130 bilhões – confira o gráfico abaixo.
Como já comprovamos, o mercado de apostas esportivas movimenta bilhões de reais anualmente no Brasil. Com o aumento da publicidade e patrocínio de eventos e times esportivos, inegavelmente as bets tornaram-se uma parte importante da economia do entretenimento.
Vamos analisar de forma mais ampla, certo? Esse crescimento também gera empregos diretos e indiretos. Plataformas de apostas precisam de tecnologia, marketing, atendimento ao cliente e outros serviços, criando oportunidades em diversos setores.
Além disso, com a regulamentação e taxação das bets, o governo brasileiro pode arrecadar bilhões em impostos, o que potencialmente será revertido para investimentos em diversos setores.
No entanto, o impacto negativo é muito maior que o positivo. O aumento das apostas pode tirar recursos de outros setores da economia, como consumo e investimentos tradicionais.
Portanto, o vício em apostas é uma preocupação crescente, com implicações econômicas e sociais, como dívidas e problemas de saúde mental.
Impacto das bets na economia: a regulação das apostas no Brasil
Nos últimos meses, o Brasil avançou em medidas para regulamentar o mercado de apostas esportivas, destacando a preocupação com práticas ilegais e impactos sociais.
Uma das principais iniciativas foi a instalação da CPI das bets no Senado, criada para investigar sites de apostas que operam irregularmente e suas possíveis conexões com lavagem de dinheiro.
A comissão também busca avaliar os efeitos das bets no orçamento familiar, refletindo a crescente pressão por maior controle sobre um setor que movimenta bilhões de reais anualmente.
Em paralelo, o Supremo Tribunal Federal (STF) tomou medidas para proteger os mais vulneráveis. Uma decisão determinou que o Governo Federal impeça o uso de recursos do Bolsa Família em apostas online.
Além disso, autoridades têm bloqueado plataformas que operam fora da lei, reforçando o compromisso de estabelecer regras claras para o setor.
As bets já são mais populares do que investimentos no Brasil
A facilidade de acesso e a emoção envolvida nas apostas esportivas fazem com que elas sejam mais populares que investimentos tradicionais, como ações ou fundos imobiliários.
Para muitas pessoas, as bets oferecem uma sensação de controle rápido e uma promessa de ganhos imediatos, algo que os investimentos de longo prazo não proporcionam.
Ainda de acordo com a pesquisa anual da Anbima, com os 14% registrados, as bets superam a porcentagem de pessoas que investiram em diversos ativos do mercado:
- CDBs: 5%
- Criptomoedas: 4%
- Imóveis: 4%
- Fundos de investimento: 4%
- Ações: 2%
- Planos de previdência privada: 2%
- Títulos do Tesouro Direto:
A única exceção é a poupança, que ainda é a escolha de 25% dos brasileiros.
Essa popularidade, no entanto, vem com riscos. Ao priorizar as apostas em vez de investimentos, muitos brasileiros acabam negligenciando a construção de patrimônio e a segurança financeira.
É importante que, junto com uma boa regulamentação, haja uma conscientização sobre a diferença entre bets e investimentos, destacando os riscos envolvidos em cada um.
Com os investimentos você constrói seu patrimônio e a assessoria te ajuda a personalizar essa estratégia e encontrar oportunidades alinhadas com seu perfil de risco e objetivos financeiros. Isso garante a diversificação dos seus ativos para equilibrar risco e retorno.
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