No mês de outubro, a economia americana teve um desempenho robusto, o que resultou em pressões nas taxas de juros ao redor do mundo. A deterioração do quadro fiscal também contribuiu para o aperto das condições financeiras. Diante desse cenário, o Federal Reserve (Fed) indicou que levará em consideração essas pressões ao decidir sobre o término do ciclo de aperto monetário.
Enquanto isso, na Zona do Euro, a economia continuou desacelerando, com o Produto Interno Bruto (PIB) estagnado por quatro trimestres consecutivos e o crédito desacelerando rapidamente. Além disso, a inflação também apresentou sinais de queda mais acentuada. Já na China, os estímulos adotados desde o segundo trimestre não surtiram efeitos claros na economia, com o setor de construção permanecendo fraco. Essa conjuntura reforça o desempenho relativo robusto da economia americana.
No entanto, é importante ressaltar que parte desse desempenho se deve a um déficit fiscal elevado e crescentemente preocupante nos Estados Unidos. Além disso, a guerra entre Hamas e Israel é mais um elemento de incerteza que evidencia a deterioração do quadro geopolítico nos últimos anos.
Brasil
No Brasil, os ruídos em relação à política fiscal se intensificaram. O presidente Lula se posicionou contra o contingenciamento de gastos, o que levanta dúvidas sobre a capacidade da nova regra fiscal de promover uma consolidação fiscal. Diante desse contexto, torna-se ainda mais importante buscar alternativas de aumento de receitas nos próximos anos.
Apesar dos dados de inflação e atividade econômica evoluírem favoravelmente para a continuidade do afrouxamento monetário, a menor visibilidade em relação à política fiscal doméstica, aliada ao aumento dos juros globais, recomenda que a autoridade monetária adote um discurso mais cauteloso. Isso aumenta a probabilidade de interrupção antecipada do ciclo de afrouxamento monetário.
Juros e Câmbio
A renda fixa global continua apresentando alta volatilidade. Nos Estados Unidos, as taxas de juros atingiram novas máximas e se aproximam do patamar de 5%. Essa pressão é resultado das fortes emissões do tesouro americano, da redução do balanço do Fed e da percepção de que os juros permanecerão elevados por mais tempo. Além disso, os dados macroeconômicos divulgados ao longo do mês indicam uma resiliência econômica acima do esperado.
O recente aperto das condições financeiras e o conflito no Oriente Médio levaram o Fed a abandonar a alta de juros em sua última reunião. No mercado internacional, é recomendado adotar posições de inclinação em curvas de juros nos Estados Unidos e manter uma exposição direcional reduzida. No Brasil, o ambiente internacional continua exercendo pressão altista na curva de juros, somando-se a uma incerteza fiscal ainda maior. Nesse contexto, é aconselhável manter um viés negativo no portfólio local, gerenciando-o de maneira tática e com risco reduzido. Quanto às moedas, é recomendado zerar as apostas compradas em dólar.
Bolsa
O mês de outubro registrou queda no Ibovespa, em linha com o desempenho das bolsas americanas. As incertezas em relação à política fiscal do próximo ano e a perspectiva de tributação das empresas limitam o potencial de valorização do índice. No entanto, um alívio nas taxas de juros americanas poderia reverter essa expectativa.
Diante desse cenário, é aconselhável aumentar a exposição bruta na bolsa, mantendo, no entanto, uma carteira bastante protegida, tanto no mercado local quanto no externo. No Brasil, é recomendado aumentar posições em setores que têm potencial de bons resultados, mesmo com a perspectiva de menor queda da taxa Selic. Por outro lado, é aconselhável reduzir posições em empresas que não se enquadrem nesse cenário. Os setores elétrico, financeiro e de energia continuam sendo posições compradas, enquanto o setor de consumo deve ser tratado com cautela. No mercado externo, é aconselhável manter posições no setor de tecnologia, que apresentou bons resultados e perspectivas. Quanto às proteções, estas devem ser diversificadas nos setores de consumo, entretenimento, financeiro e commodities.