O Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro apresentou um crescimento de 0,9% no segundo trimestre de 2023, em relação ao trimestre anterior, de acordo com dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Esse resultado superou as expectativas do mercado, que previam um crescimento de apenas 0,3%. Na comparação com o mesmo período do ano anterior, o PIB registrou um avanço de 3,4%.
Setores da economia
O bom desempenho da economia brasileira no segundo trimestre pode ser atribuído ao crescimento da indústria e dos serviços. A indústria apresentou um crescimento de 0,9%, enquanto os serviços registraram uma alta de 0,6%. Vale destacar que os serviços representam cerca de 70% da economia do país, portanto, o seu desempenho influencia diretamente a expansão do PIB.
Dentro do setor de serviços, os serviços financeiros tiveram um papel fundamental nesse resultado, especialmente os seguros, como os de vida, automóveis, patrimônio e risco financeiro. Além disso, os serviços voltados para empresas, como os jurídicos e de contabilidade, também se destacaram. Esse setor de serviços vem apresentando resultados positivos há 12 trimestres consecutivos e atingiu o ponto mais alto da série histórica.
Já na indústria, o destaque ficou por conta das indústrias extrativas, que tiveram um crescimento de 1,8%, impulsionadas pela extração de petróleo, gás e minério de ferro. Também houve avanço na construção (0,7%), na atividade de eletricidade, gás, água, esgoto e gestão de resíduos (0,4%) e nas indústrias de transformação (0,3%).
Por outro lado, a agropecuária foi o único setor que apresentou uma queda no segundo trimestre (-0,9%). Essa retração se deve principalmente à alta base de comparação, uma vez que no primeiro trimestre o setor registrou um avanço expressivo de 21,0%. Além disso, a diminuição do peso da cultura da soja no segundo trimestre fez com que outros produtos, como o café, ganhassem mais participação, porém com um crescimento menor.
Consumo das famílias e do governo
O consumo das famílias teve um avanço de 0,9% no segundo trimestre, sendo o destaque desse período. Esse resultado pode ser explicado pelo mercado de trabalho em constante melhoria, pelo crescimento do crédito e por medidas governamentais, como incentivos fiscais e reajustes nos programas de transferência de renda, como o Bolsa Família. No entanto, os juros altos ainda dificultam o consumo de bens duráveis, e as famílias continuam endividadas, levando tempo para se recuperarem.
Já o consumo do governo registrou um crescimento de 0,7% em relação ao trimestre anterior, marcando o quarto resultado positivo consecutivo. Em relação aos investimentos, houve estabilidade, com um aumento de apenas 0,1%. A taxa de investimento, que representa a parcela de investimentos no total da produção de bens e serviços finais, foi de 17,2% do PIB no segundo trimestre de 2023, inferior à observada no mesmo período do ano anterior (18,3%).
Expectativas e perspectivas
Os economistas esperavam um crescimento mais fraco para o PIB no segundo trimestre, devido à trajetória de desaceleração que já vinha sendo observada desde o ano passado, com o aumento dos juros. No entanto, alguns motores da economia continuaram impulsionando o crescimento, como o consumo das famílias, que se manteve resiliente devido à melhora do mercado de trabalho.
No acumulado dos últimos quatro trimestres, o PIB brasileiro cresceu 3,2% em relação ao mesmo período do ano anterior. Isso demonstra uma recuperação consistente da economia, mesmo diante dos desafios enfrentados.
Em suma, o crescimento do PIB no segundo trimestre de 2023 reflete a retomada da economia brasileira, impulsionada pelo desempenho positivo da indústria, dos serviços e do consumo das famílias. Embora ainda haja desafios a serem enfrentados, como os juros altos e o endividamento das famílias, as perspectivas são positivas para o crescimento econômico do país.
