Radar: Por que o Dólar sobe forte enquanto a Bolsa se recupera

Detalhe de nota de Real.
Detalhe de nota de Real.

Incerteza. Esse tem sido o principal termo que ronda as preocupações dos investidores nas últimas semanas.

Dúvidas sobre as contas públicas e a atuação do Banco Central frente à inflação, principalmente em relação a 2025, se somam ao cenário de “higher for longer” para os juros nos Estados Unidos e dão o tom dos mercados.

Mercados na semana

  • Ibovespa: +2,11% | 123.907 pontos
  • S&P 500: -0,08% | 5.461 pontos
  • Nasdaq: +0,24% | 17.733 pontos
  • Dólar: +2,71% | R$ 5,5884
  • Bitcoin: -6,10% | US$ 60.161

Impasses no cenário local

Nas últimas semanas, o noticiário financeiro local tem ficado dividido entre incertezas sobre as contas públicas e conflitos na condução da política monetária, e nesta semana não foi diferente.

O que aconteceu no debate fiscal?

Pelo lado das contas públicas, os investidores têm aguardado por sinalizações de que o governo está disposto a cortar gastos, uma vez que há um entendimento de que o equilíbrio fiscal via arrecadação tem dado sinais de esgotamento.

Assim, a declaração de Lula na quarta-feira de que o governo está analisando se há exageros ou desperdícios nos gastos públicos, ainda sem apresentar um plano concreto, não foi bem recebida pelos investidores, especialmente no mercado de câmbio.

“O problema não é que tem que cortar. O problema é saber se precisa efetivamente cortar ou se precisa aumentar a arrecadação. Temos que fazer essa discussão.”

Lula, em entrevista ao UOL na quarta-feira, 26/06

Para ficar de olho. Vale lembrar que os ministros da Fazenda (Fernando Haddad) e do Planejamento (Simone Tebet) haviam prometido, há cerca de duas semanas, uma revisão “ampla, geral e irrestrita” nos gastos públicos. Seguimos acompanhando.

E no Banco Central?

Já na política monetária, alívio de um lado, receios de outro. O que aconteceu:

  • Copom unido: a ata do Copom referente à decisão unânime de se manter a taxa Selic em 10,50% ao ano enviou mais um sinal de união entre os membros do Banco Central – algo que estava sendo cobrado desde a decisão dividida na reunião de maio.
  • Sucessor de Roberto Campos Neto: Lula chegou a elogiar Gabriel Galípolo como um “menino de ouro”, o que sugeriria sua manutenção como o favorito para assumir a presidência do Banco Central a partir de 2025.

    Ao longo da semana, no entanto, Lula voltou a criticar os juros de 10,50% para a inflação atual e mencionou que a taxa “vai melhorar” quando puder indicar o próximo presidente, que deverá construir uma nova filosofia.

    A declaração mantém no radar dos investidores dúvidas quanto à leniência da próxima composição do BC no combate à inflação.

O que mais aconteceu na economia?

Notas de Real.

Mudanças na meta de inflação

A meta de inflação continua em 3%, conforme o governo já havia sinalizado anteriormente, mas uma importante mudança foi anunciada após a reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN) nesta semana.

Entendendo a mudança em 4 pontos:

  • A meta, agora, passa a ser contínua. Isso significa que não será mais preciso esperar o fechamento do ano para apurar se a meta foi batida – agora, ela será acompanhada todos os meses, olhando para o intervalo dos últimos 12 meses.
  • O novo sistema entra em vigor em janeiro de 2025. A meta será considerada como descumprida sempre que a inflação ficar fora do intervalo de tolerância por seis meses consecutivos.
  • Além do centro da meta de inflação continuar em 3%, o intervalo da meta também continua o mesmo, podendo oscilar entre 1,5% e 4,5%.
  • O CMN não se reunirá mais anualmente para definir a meta de inflação. A reunião apenas será necessária quando houver um desejo de mudar a meta. E, nesse caso, a mudança entraria em vigor 3 anos depois.

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Notas de Dólar.

Moeda sob pressão

Nos mercados, Bolsa e Real trilharam caminhos muito distintos na semana e no mês.

O que aconteceu?

  • O Ibovespa continuou em recuperação após atingir as mínimas do ano na metade do mês – e com diversas avaliações de que as ações estão baratas, conforme comentamos na edição da semana passada. No final das contas, o principal índice da Bolsa conseguiu sustentar a alta para encerrar o mês no positivo.
  • O mesmo não pode ser dito no mercado de câmbio. O Dólar veio em uma tendência de valorização durante todo o mês, passando de R$ 5,25 no fim de maio para R$ 5,59 neste fechamento.

Gráfico do Dólar versus o Real em junho de 2024.

  • Como pano de fundo, a combinação entre incertezas fiscais no Brasil e juros altos nos Estados Unidos por mais tempo têm sido apontados como os principais fatores para a fraqueza do real.
  • Nesta sexta-feira houve um fator adicional: a “briga” entre comprados e vendidos no câmbio para a formação da Ptax, taxa que é usada como referência para contratos de importação e exportação. A Ptax é formada todo fim de mês e costuma causar volatilidade no mercado de câmbio.

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Fachada da bolsa em Nova York.

Idas e vindas nos EUA

No cenário internacional, o grande tema continua a ser a política monetária nos Estados Unidos. Com as taxas de juros nos níveis mais altos em 23 anos, o questionamento é quando a taxa de juros vai, finalmente, começar a cair.

O que aconteceu nesta semana:

  • No início da semana, a declaração da diretora do Federal Reserve (Fed), o banco central americano, Michelle Bowman, trouxe certa apreensão. Ela declarou que não vê nenhum corte de juros neste ano, apenas em 2025 – e, se a inflação parar de desacelerar, um cenário de alta de juros estaria na mesa.
  • Por outro lado, o Federal Reserve tem reiterado que suas decisões dependem de novos dados. E, nesta semana, foi divulgado o indicador preferido do Fed para monitorar a meta de inflação de 2%: o núcleo do PCE.
  • E a divulgação foi uma boa notícia: o núcleo do PCE desacelerou para 0,1% em maio. Na comparação anual, o indicador recuou para 2,6%, o menor valor desde março de 2021. O resultado veio conforme esperado pelo mercado, mas reforça a tese de desaceleração nos preços.
  • Crescem as apostas pelo início do corte de juros nos EUA na reunião do Fed em setembro.

Para ficar de olho. As eleições presidenciais nos Estados Unidos, embora historicamente não tragam impactos relevantes aos mercados americanos, começa a desenhar novos capítulos e pode ganhar uma cobertura mais intensa no noticiário.

Debate presidencial. Nesta semana ocorreu o primeiro debate presidencial entre o candidato republicano Donald Trump e o democrata Joe Biden. Biden teve uma performance considerada fraca, com respostas por vezes confusas e hesitantes.

Candidatos definidos? Desde o fim do debate, publicações na imprensa americana vêm questionando a capacidade de Biden permanecer no cargo por mais quatro anos e levantam dúvidas se ele poderá ser substituído por outro candidato democrata para a disputa em novembro. Seguiremos acompanhando.

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Vista aérea do prédio do BNDES no Rio de Janeiro.

Nova Renda Fixa Isenta de IR

Aprovada. Uma nova renda fixa deve estar disponível aos investidores em breve, após o Senado dar o sinal verde para o projeto de lei que cria a Letra de Crédito de Desenvolvimento (LCD), que agora foi à sanção presidencial.

O que vem por aí:

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Caixa em centro de distribuição.

Acordo no varejo

O noticiário corporativo na semana também foi movimentado. Destaque para a aliança entre AliExpress e Magazine Luiza:

O que aconteceu. As empresas fizeram um acordo para vender os produtos nos dois marketplaces. Em comunicado, o Magazine Luiza destacou que é a primeira vez que a AliExpress faz um acordo nestes moldes com uma empresa fora da China.

Mais vendas. A companhia chinesa irá disponibilizar produtos da linha premium Choice, que serão importados por meio do programa Remessa Conforme. Entre os produtos, estão itens como eletrônicos e produtos de beleza. Já a Magazine Luiza irá distribuir, inicialmente, itens de bens duráveis.

História recente. A Magazine Luiza foi uma das ações de maior destaque da Bolsa brasileira na história recente. Entre 2015 e 2020, ela chegou a valorizar cerca de 91.300%, antes de enfrentar uma forte derrocada que resultou na queda de cerca de 90% nos preços de suas ações desde a máxima histórica.

O que esperar? Em relatório, o time de análise do BTG Pactual vê o acordo como positivo. Com recomendação de compra, os analistas projetam que a lucratividade e o fluxo de caixa devem ser destaques positivos nos próximos trimestres, mas alerta que as ações ainda devem seguir pressionadas no curto prazo.

O que mais movimentou o noticiário corporativo:

Como a semana se refletiu nos seus investimentos?

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