Radar: Medo de recessão nos EUA cresce e impacta bolsas e dólar

Bandeiras do Brasil e dos Estados Unidos.
Bandeiras do Brasil e dos Estados Unidos.

Risk-off? Semana de atenção nos Estados Unidos, com bolsas em queda e dólar em alta. Apesar do ciclo de corte de juros estar cada vez mais perto, cresce o medo de a economia americana estar caminhando para um cenário de recessão, enquanto a temporada de balanços corporativos falha em animar os investidores.

Mercados na semana

  • Ibovespa: -1,29% | 125.854 pontos
  • S&P 500: -2,06% | 5.347 pontos
  • Nasdaq: -3,35% | 16.776 pontos
  • Dólar: +0,91% | R$ 5,7091
  • Bitcoin: -7,29% | US$ 62.973

Superquarta: decisões nos EUA e Brasil

Toda vez que os bancos centrais do Brasil e dos Estados Unidos se reúnem no mesmo dia para decidir sobre suas taxas de juros, o evento fica conhecido no mercado como “superquarta”.

Foi isso o que aconteceu nessa semana – e com um adicional: no mesmo dia também vimos uma decisão surpreendente no Japão.

O que aconteceu?

Nos Estados Unidos, o Federal Reserve (Fed) manteve as taxas básicas de juros entre 5,25% e 5,50% ao ano. O resultado já era esperado, e agora ficam as expectativas para a próxima reunião, de setembro, quando se espera que o ciclo de cortes de juros se inicie.

Segundo a ferramenta americana CME Fed Watch, o mercado está unânime para o corte de juros em setembro, ficando a dúvida apenas se será um corte de 25 ou de 50 pontos-base.

Estimativas do mercado para corte de juros nos Estados Unidos em setembro, segundo projeções de 02 de agosto.

Ou seja: em breve, a Renda Fixa americana deve pagar menos. Os juros, atualmente, estão nas máximas em 23 anos. Se você quiser explorar as oportunidades para o momento atual, fale com a gente.

No Brasil, com uma projeção de inflação que vem crescendo nos últimos meses, também vem aumentando as especulações sobre um possível aumento da taxa Selic, atualmente em 10,50% ao ano.

O Copom manteve a taxa básica de juros e subiu ligeiramente o tom, mas menos do que se imaginava. Como resultado, apostas por uma alta nos juros perdem força. A ata da reunião será publicada na próxima terça-feira, 06 de agosto.

Relembre: veja, na linha azul abaixo, como as expectativas do Relatório Focus para a alta dos preços neste ano foram sendo reajustadas para cima ao longo do ano. A meta de inflação é de 3%, com um intervalo de tolerância de 1,5% a 4,5%.

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Gráfico com reajuste das expectativas para o IPCA no ano de 2024, mostrando aumentando nas projeções. Gráfico de 02 de agosto de 2024.

Do outro lado do mundo, o Banco do Japão (BoJ) surpreendeu o mercado e anunciou um aumento em sua taxa básica de juros, subindo da faixa de 0% a 0,1% para 0,15 a 0,25% ao ano.

O Japão vinha de um longo histórico de juros negativos, que foi encerrado em março deste ano. Agora, a taxa atual é a maior desde 2008. E o presidente da instituição disse que, se as projeções para a inflação e a economia se confirmarem, a taxa pode furar o teto psicológico de 0,5% ao ano.

Por que isso importa? Altas de juros no Japão podem desvalorizar o real. Isso por causa de eventuais desmontagens das operações de carry trade, que buscam ganhar com as diferenças de taxas de juros entre países.

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Expectativas e frustrações com Big Techs

A temporada de balanços corporativos do segundo trimestre continua a ser um dos grandes destaques do noticiário americano. Até a noite de quarta-feira, 285 companhias do S&P 500 já haviam divulgado seus números – o que representa mais da metade do índice.

Mas as atenções estão centradas, principalmente, nas empresas de tecnologia, as chamadas Big Techs. A dúvida dos investidores é se os gastos em inteligência artificial realmente justificam os investimentos.

Assim, quem ganhou mais repercussão no noticiário desta semana foram os resultados de Microsoft, Apple, Meta, Amazon e Intel.

Impacto dos balanços corporativos de Apple, Microsoft, Amazon, Meta e Intel nos preços das ações, em agosto de 2024.

Highlights dos resultados

Amazon e Intel decepcionam. A Amazon acelerou seus ganhos, mas anunciou um faturamento abaixo do esperado e projetou para o terceiro trimestre receitas abaixo do que analistas de mercado estimavam.


Já a Intel foi a grande perdedora da semana: ficando para trás na corrida da inteligência artificial, os resultados também não aliviaram sua situação. Com números e projeções que não agradaram aos investidores, a companhia anunciou um corte de 15% da sua força de trabalho e a suspensão dos dividendos.

Microsoft lucra, mas investidores saem. O lucro de US$ 22 bilhões, em linha com o esperado, não foi o suficiente para conter a queda das ações. O destaque negativo ficou por conta do segmento de nuvem – que está no centro dos esforços conectados a inteligência artificial. Apesar das receitas do segmento crescerem 19%, o número ficou abaixo do esperado por analistas.

Apple e Meta se salvam entre Big Techs. Em semana de forte queda para as ações do setor de tecnologia, quem se salvou foram as ações de Apple e Meta, holding controladora de nomes como Facebook, Instagram e WhatsApp.

A Apple teve um declínio na venda de iPhones, mas seus resultados superaram as projeções do mercado. A Meta também superou as projeções de lucro e receita no trimestre, e projetou receitas para o atual trimestre acima do que analistas estimavam.

O que mais você precisa saber:

Notas de dólar amontoadas.

Medo de recessão nos EUA

O corte de juros nos Estados Unidos ficou mais perto, mas a semana foi de medo entre os investidores americanos.

O índice Vix, conhecido entre os investidores como índice do medo, disparou quase 40% em um único dia, saltando para os níveis mais altos desde outubro de 2022.

Gráfico com salto no índice Vix, conhecido como índice do medo, no mercado americano em 02 de agosto de 2024.

Entenda:

Mais um termo para o seu glossário: hard landing. Ele faz referência a um período de desaceleração econômica ou recessão após um momento de rápido crescimento. E é justamente isso que está preocupando os investidores americanos nesse momento.

Além de alguns resultados decepcionantes das Big Techs acenderem um sinal de alerta, nesta semana 3 indicadores econômicos aumentaram os temores de os Estados Unidos estarem caminhando para uma recessão:

Se os riscos vão se concretizar ou não, ainda é algo a se ver. A equipe de análise do BTG Pactual, por exemplo, avalia em relatório que, apesar de o mercado de trabalho estar menos aquecido, seu momentum ainda deve ser suficiente para evitar o cenário de hard landing neste ano.

Mas é fato que o alerta de recessão, agora, entra de vez no radar do mercado.

Lembrete: em momento como esses, é importante evitar decisões de investimento com base em fatores emocionais. Se você está em dúvida sobre o que fazer, agende uma reunião para falar com um assessor.

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Não se esqueça do fiscal

Em meio à “Superquarta”, aos receios de recessão nos Estados Unidos e à divulgação de resultados de algumas das maiores empresas do mundo, o debate sobre a situação fiscal no Brasil ficou em segundo plano nesta semana.

No entanto, a situação fiscal segue como pano de fundo e deve ser acompanhada de perto pelos investidores.

Nesta semana, duas notícias ganharam destaque nesta frente:

  • O detalhamento do congelamento de R$ 15 bilhões em gastos mostrou que as áreas mais afetadas serão os ministérios da Saúde, Cidades, Transportes e Educação.
  • O governo também anunciou uma medida de controle preventivo dos gastos, que segura as despesas por fases. A ideia é que haja margem para novos bloqueios caso haja frustração com as receitas ou aumento de despesas.Na prática, o governo realizou um congelamento adicional de R$ 32 bilhões até setembro, valor que pode ser liberado nos últimos meses do ano.

Apesar de a medida ser vista como uma sinalização importante para o compromisso com o arcabouço fiscal, participantes do mercado seguem avaliando que seria necessário um corte maior para cumprir com a meta de déficit para este ano.

Como a semana se refletiu nos seus investimentos?

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