Recuperação. Os últimos dias foram marcados por um sentimento inicial de pânico, seguido por uma leitura de que talvez as reações a uma possível recessão nos Estados Unidos tenham sido exageradas.
Fechando as contas da semana, terminamos com Bolsa em alta, superando os 130 mil pontos, e dólar em queda – apesar de continuar em patamares historicamente altos.
Mercados na semana
- Ibovespa: +3,78% | 130.615 pontos
- S&P 500: -0,04% | 5.344 pontos
- Nasdaq: -0,18% | 16.745 pontos
- Dólar: -3,41% | R$ 5,5146
- Bitcoin: -1,21% | US$ 60.673
Alta de juros à vista?
Faz pouco mais de um mês que o Banco Central interrompeu uma série de sete cortes de juros consecutivos, mas já ganha força o debate no sentido contrário: para a alta de juros.
Se antes essa discussão estava restrita a participantes do mercado, agora o Banco Central confirmou que esse também é um cenário em seu radar.
Dois fatos que movimentaram a semana e que você precisa saber:
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Declarações no Banco Central
A ata do Copom trouxe um tom mais duro, citando o “firme compromisso de convergência da inflação à meta”.
No documento, os membros do Banco Central ainda escreveram que irão avaliar a melhor estratégia conforme o desenrolar do cenário. São duas possibilidades:
- De um lado, se a estratégia de manutenção da taxa de juros por um tempo suficientemente longo levará a inflação à meta no horizonte relevante;
- De outro lado, o comitê, unanimemente, reforçou que não hesitará em elevar a taxa de juros para assegurar a convergência da inflação à meta se julgar apropriado.
Gabriel Galípolo, nome apontado como favorito para suceder a Roberto Campos Neto na presidência do Banco Central, também reforçou esse tom mais duro.
Apesar de indicado pelo atual governo, ele se posicionou junto à ala mais conservadora do Copom. Entre suas falas, ele declarou que a volatilidade acima do normal traz um cenário desconfortável para a autoridade monetária atingir a meta de inflação.
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Inflação no teto da meta
O IPCA acelerou mais que o esperado em julho. Com uma alta de 0,38% nos preços no último mês, o índice agora atinge 4,5% na leitura de 12 meses. Esse é o teto da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).
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Lembrando: a meta de inflação é de 3%, mas existe um intervalo de tolerância entre 1,5% e 4,5% para absorver eventuais choques nos preços.
Os preços em transportes tiveram o maior impacto na leitura de julho, com destaque para as altas nas passagens aéreas e na gasolina.
Leia também:
Fonte: IBGE
Reação do mercado
- No início desta sexta-feira, o contrato de DI para janeiro do ano que vem subia e apontava para uma taxa de 10,75%. A Selic atual é de 10,50% ao ano.
- Por outro lado, o Relatório Focus, divulgado semanalmente pelo Banco Central, continua a projetar estabilidade na Selic neste ano e queda no próximo. A ver se os acontecimentos desta semana trazem alguma alteração na próxima edição do Focus.
- Nesta sexta-feira, diretores do Banco Central se reuniram com participantes do mercado, que avaliaram positivamente a sinalização dura do BC.
Para a semana que vem: lembre-se que o Congresso retoma suas atividades. Há expectativa por avanços em temas como Orçamento de 2025, regulamentação da Reforma Tributária, reoneração da folha de pagamentos e a repactuação das dívidas dos estados com a União.
Balanços das maiores do Brasil
Os números do segundo trimestre de algumas das maiores empresas do Brasil foram divulgados nesta semana.
Destaque para os balanços da Petrobras e dos bancões. Para entender a relevância desses nomes: juntos, eles respondem por mais de um quarto do Ibovespa.
Petrobras
O primeiro balanço sob o comando de Magda Chambriard marcou um prejuízo líquido de R$ 2,6 bilhões, em número impactado por itens não-recorrentes, como a variação cambial e por um acordo para encerrar uma disputa tributária com o governo.
3 destaques que você deve saber:
- Esse é o primeiro resultado negativo desde o terceiro trimestre de 2020. Já o EBITDA ajustado, que reflete a geração de caixa, ficou em linha com o esperado.
- A empresa anunciou uma redução significativa de 24% nos seus planos de investimentos, mas sem impactar a meta de produção.
- A estatal anunciou dividendos de US$ 2,5 bilhões, em linha com a sua política de distribuição. Já a decisão sobre distribuir dividendos extraordinários deve ficar para depois da revisão do novo plano estratégico, previsto para novembro.
Em relatório, o time do BTG Pactual mantém a recomendação de compra para as ações da Petrobras.
“Embora reconheçamos que os desenvolvimentos políticos e as novidades de fusões e aquisições podem ocasionalmente impactar o desempenho das ações, a empresa ainda oferece uma combinação atraente de valor e crescimento (muito lucrativo).”
Relatório de análise do BTG Pactual, em 09 de agosto.
Mas é importante lembrar: antes de investir, você deve avaliar se esse movimento faz sentido para a sua estratégia e sua disposição à tomada de risco. Se estiver na dúvida, fale com a gente e agende uma reunião com nossos assessores.
Bancos
Nesta semana, foram divulgados os resultados de Itaú Unibanco, Banco do Brasil e Bradesco. Eles se juntam ao balanço do Santander Brasil, que reportou seus números na semana passada.
Somados, o lucro dos quatro maiores bancos do Brasil atingiu R$ 27,6 bilhões. Esse valor representa um crescimento de 13,4% sobre o segundo trimestre do ano passado.
Destaque para o resultado do Itaú Unibanco, com ganho de R$ 10 bilhões em um único trimestre e aumento em suas métricas de rentabilidade.
Os investidores ficaram satisfeitos com os resultados. Ao menos é o que mostram os movimentos nos preços, que você pode ver abaixo.
Leia também:
- Ibovespa turbinado. B3 lança novo índice e Nubank aparece entre as ações de maior peso.
- Juntos. Tok&Stok e Mobly anunciam fusão e criam empresa com receita anual de até R$ 1,5 bi.
- Enfim, lucro. Casas Bahia volta ao positivo após ano de reestruturações.
Que crise?
A semana anterior marcou um princípio de crise internacional, e no início desta semana entramos em modo de forte estresse nos mercados. Agora, fica a leitura de que os movimentos podem ter sido exagerados, e os mercados ensaiam uma recuperação.
Na semana passada mostramos a alta do índice Vix, conhecido como o índice do medo. Veja como ele atingiu um pico nesta segunda-feira e, agora, caminha para níveis mais normalizados – embora a volatilidade nos mercados possa continuar.
Dica: se você ficou desconfortável com seus investimentos nesse período, pode ser o momento de reavaliar se a sua carteira está aderente aos níveis de risco que você aceita. Se esse for seu caso, marque uma reunião com um assessor.
Entenda a crise, em 2 atos:
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Japão
- O aumento de juros no Japão para 0,25% ao ano – o maior nível desde 2008 – e a sinalização de que poderá ter novos aumentos de juros trouxe forte impacto aos mercados locais e asiáticos.
- Em um intervalo de três dias, o índice Nikkei 225 caiu quase 20%. Somente nesta segunda-feira, a queda superou os 12%, no maior declínio para um dia no mercado japonês desde 1987.
- A subida dos juros desencadeou um forte movimento de desmontagem de operações de carry trade. Essas são operações que ganham com a diferença nas taxas de juros entre duas economias – e o iene japonês, até então com juro zero, é usado como financiamento a essas operações. Por isso, esse movimento pode trazer volatilidade, principalmente, no câmbio.
- O mercado corrigiu parte das perdas após o banco central japonês sinalizar que não deve aumentar os juros novamente enquanto os mercados estiverem instáveis.
2. Estados Unidos
- A correção foi influenciada por um temor de recessão na economia americana, principalmente após o relatório de emprego na semana anterior. Há uma leitura de que o Fed pode estar atrasado no ciclo de corte de juros, impactando negativamente a economia.
- A visão de recessão não é unânime no mercado. O time de análise do BTG Pactual, por exemplo, discorda do cenário de hard landing. Eles lembram ainda que a taxa de desemprego em 4,3% está abaixo da média de 4,75% observada na última década e próxima dos níveis pré-pandêmicos.
- O time de análise do BTG também lembra que os balanços corporativos estão fortes. Até o início da semana, 75% das empresas que reportaram seus números haviam superado as estimativas de ganhos no segundo trimestre.
Fundamentalmente, nossa visão permanece praticamente inalterada. Consideramos o recente movimento de mercado como uma oportunidade de compra.
Relatório de análise do BTG Pactual, em 05 de agosto
Não perca de vista: as tensões geopolíticas no Oriente Médio também estão no radar dos investidores. Um possível cenário de retaliação do Irã contra Israel, após ataques vitimarem figuras importantes do Hamas e do Hezbollah, tem impactado nos preços do petróleo.
Leia também:
- Alívio. Novos pedidos de seguro-desemprego caem nos EUA.
- Fazendo contas. JPMorgan vê probabilidade de recessão americana em 35%.
- O tamanho do corte. Economistas projetam queda de 0,25 ponto porcentual em próxima reunião do Fed.
- Uma de suas maiores posições. Buffett vende metade de sua participação na Apple.
Como a semana se refletiu nos seus investimentos?
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