O mercado de luxo é um setor muito promissor para os investidores, que segue suas próprias regras no que se refere às relações básicas de oferta e demanda. Prova disso é seu desempenho de recuperação pós-pandemia. Segundo o grupo BCG, é esperado um crescimento de 41% a 50% no setor em 2021.
No mercado de luxo, uma das empresas mais proeminentes é o Grupo LVMH, dono de marcas como Luis Vuitton, Christian Dior, Tiffany & Co. e Bulgari. E, entre os executivos mais importantes, está Bernard Arnault, CEO e presidente do conselho administrativo do grupo.
Neste artigo, você vai conhecer melhor Bernard Arnault e seu trabalho, além do grupo que ele dirige e as marcas que estão sob sua gestão.
Quem é Bernard Arnault
Bernard Jean Étienne Arnault nasceu em Março de 1949, na França. Seu pai era o dono de uma empresa de engenharia civil e sua mãe tinha fascinação pela Dior.
Ele se graduou na principal faculdade de engenharia da França, a École Polytechnique. Sua carreira começou trabalhando na empresa da família. Após três anos, ele convenceu seu pai a mudar o foco dos negócios para o mercado imobiliário. Então, foi criada uma divisão de imóveis, que mais tarde foi vendida para outra empresa.
Bernard Arnault eventualmente se tornou presidente da empresa da família, cargo que exerceu entre 1978 e 1984. Então, ele soube que o governo francês precisava de alguém para assumir o conglomerado Boussac Saint-Frères, que era, na época, dono da marca Christian Dior.
Arnault fez uma parceria com Antoine Bernheim, sócio sênior de uma grande firma de assessoria financeira e gestão de ativos. Com a ajuda de Bernheim, ele adquiriu a empresa Financière Agache, uma empresa menor do mercado de luxo, tornando-se seu CEO.
Graças a essa aquisição, ele conseguiu vencer a disputa para assumir o controle de Boussac Saint-Frères. A compra foi simbólica: um franco. Assim, começava a trajetória de Arnault no mercado de lucro.
Escalada de Bernard Arnault ao topo do Grupo LVMH
Depois de chegar ao comando do conglomerado Boussac Saint-Frères – que passou por fusão com a Financière Agache –, Arnault demitiu 9 mil funcionários nos dois anos seguintes. Isso lhe garantiu o apelido de O Exterminador.
Ele também vendeu quase todos os ativos da empresa, mantendo apenas a marca Christian Dior e a rede de lojas de departamento Bon Marché.
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Como resultado dessas medidas, foi possível levar a empresa a uma situação financeira saudável. Em 1987, ela já estava gerando lucros novamente. Nesse ano, a receita foi de US$ 1,9 bilhões, com lucro de US$ 112 milhões.
Então, ele começou a direcionar sua atenção para o Grupo LVMH.
Em Julho de 1988, ele investiu US$ 1,5 bilhão para a formação de uma empresa de holding com a irlandesa Guiness. Após sua formação, essa holding tinha 24% das ações da LVMH.
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Nessa época, começaram a circular rumores de que o Grupo LVMH estaria comprando suas próprias ações para formar uma “minoria bloqueadora”, ou “blocking minority”. Esse é um arranjo acionário em que um acionista, embora não seja majoritário, consegue bloquear propostas dos acionistas com maior participação.
Então, Arnault providenciou a compra de mais 13,5% das ações da LVMH, por US$ 600 milhões. Isso garantiu que sua holding fosse a maior acionista da empresa.
O Grupo LVMH havia sido construído sobre a premissa de ser um conglomerado grande demais para sofrer uma aquisição hostil. No entanto, essa premissa não se mantinha quando a aquisição era realizada por alguém interno.
Isso ficou evidente quando a visão estratégica de Arnault começou a diferir da visão de Henry Racamier, o então presidente.
Arnault investiu mais US$ 500 milhões, elevando sua participação para 43,5% das ações da empresa. Isso também lhe garantiu 35% dos direitos de votos. Com isso, ele estabeleceu blocking minority no Grupo LVMH.
O próximo passo foi providenciar que Racamier fosse retirado do cargo de presidente e, também, do conselho administrativo.
Em Janeiro de 1989, Arnault foi eleito presidente do conselho administrativo e passou a ocupar o cargo de diretor executivo (CEO).
Atuação de Bernard Arnault no Grupo LVMH
Depois de assumir a liderança do Grupo LVMH, Bernard Arnault começou a implementar um plano de desenvolvimento ambicioso para torná-lo um dos maiores conglomerados do mercado de luxo em todo o mundo.
Na década seguinte, de 1989 a 2001, o faturamento e o lucro anuais aumentaram em 5 vezes, e o valor de mercado do grupo aumentou em 15 vezes.
Foram realizadas várias aquisições, como a das marcas Kenzo, Guerlain, Marc Jacobs e Fendi, além da rede de lojas de varejo Sephora.
Apesar da trajetória de sucesso, nem todas as empreitadas foram completamente bem sucedidas.
Em 1999, Arnault começou a trabalhar para assumir discretamente o controle da Gucci, da mesma forma que havia feito com o Grupo LVMH. Para isso, acumulou 5% em ações da empresa. No entanto, nesse ponto, suas movimentações foram notadas e a empresa respondeu de forma negativa.
Quando isso aconteceu, Arnault foi adiante e aumentou sua participação para 34,4%. Ele afirmava que a intenção como acionista era apoiar o negócio, e não controlá-lo.
Domenico De Sole, que estava no comando da Gucci à época, juntamente com Tom Ford, fez uma proposta. A ideia era que, em troca de assumir uma cadeira no conselho administrativo da empresa, Arnault parasse de aumentar sua participação acionária. Porém, ele recusou esses termos.
De Sole, então, encontrou outra solução. Ele descobriu uma brecha legal que permitia emitir mais ações simplesmente com aprovação do conselho administrativo. Então, passou a emitir papeis para os funcionários da empresa, diluindo a participação de Arnault e do Grupo LVMH.
Finalmente, as duas partes entraram em um acordo, e a LVMH vendeu suas ações com um lucro de US$ 700 milhões.
Grupo LVMH e o mercado de luxo
Sob a liderança de Bernard Arnault, o Grupo LVMH tornou-se a maior empresa em capitalização de mercado da Zona do Euro, avaliada em 313 bilhões de euros em Maio de 2021.
A estratégia de Arnault envolve descentralização das marcas. Por isso, cada aquisição realizada ao longo dos anos manteve sua identidade, sua história e seu posicionamento no mercado.
Hoje, o grupo controla um portfólio de marcas bastante amplo, incluindo Christian Dior, Louis Vuitton, Tiffany & Co, Bulgari, Kenzo, Guerlain, Marc Jacobs, Fendi, entre outras. Com isso, tem operações se estendendo em diversos segmentos do mercado de luxo, incluindo perfumaria e cosméticos, bolsas e acessórios, jóias e moda de alta costura.
As ações do Grupo LVMH vêm apresentando desempenho positivo de maneira consistente. Elas estão listadas na Euronext Paris. Entre dezembro de 2016 e dezembro de 2021, o preço do papel subiu de 176 euros para 714 euros.
Assim, é uma opção atrativa para investidores de todo o mundo com exposição ao mercado de luxo e ao mercado de capitais europeu.
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