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Inflação: você sabe o que é?

Inflação: você sabe o que é?

A inflação é um conceito econômico amplamente conhecido e que afeta diretamente o consumo. Mas o que exatamente é a inflação? Quais são as causas desse fenômeno? Por que a inflação tem um impacto significativo na economia? E, mais importante, por que ela está diretamente relacionada ao seu dinheiro?

Neste guia completo, vamos esclarecer todas essas questões e mostrar como a inflação funciona, quais são os principais índices utilizados para medi-la, quais fatores influenciam seu cálculo e quais são as suas consequências para a economia e para o consumidor.

Spoiler: não é possível se livrar completamente da inflação, mas é possível utilizá-la a seu favor.

O que é inflação?

A inflação é um termo econômico utilizado para descrever o aumento generalizado dos preços de bens e serviços. Isso significa que a inflação representa o aumento do custo de vida e a consequente redução do poder de compra da moeda.

Uma forma simples de entender a inflação é observando os preços dos produtos no supermercado. Os preços que vemos nas prateleiras não são os mesmos praticados há 10, 15 ou 20 anos atrás, eles estão mais altos. A inflação também afeta valores de itens mais caros, como aluguel e automóveis, ou até mesmo custos de longo prazo, como mensalidades de faculdades e pós-graduações.

É importante ressaltar que o aumento de preços não é necessariamente ruim ou prejudicial para o consumidor, especialmente quando é controlado, ocorre gradualmente ao longo do tempo e está acompanhado de reajustes nos salários. No entanto, a inflação pode causar transtornos para os consumidores e para a economia de um país quando aumenta em uma velocidade maior do que pode ser absorvida.

Causas da inflação

O aumento nos índices de inflação pode ser influenciado por diferentes causas, que podem ser agrupadas em quatro categorias principais: aumento na demanda, aumento ou pressões nos custos de produção, inércia inflacionária e expectativas de inflação, e aumento da emissão de moeda.

As causas da inflação também podem ser classificadas como de curto prazo ou de longo prazo, podendo ocorrer de forma contínua durante meses ou até mesmo anos. No entanto, é importante ressaltar que raramente a causa da inflação é única.

Aumento na demanda

O aumento na demanda é uma das causas mais comuns e fáceis de entender. Quando há pouca quantidade de um determinado produto que muitas pessoas desejam consumir, o preço desse produto tende a subir para equilibrar a oferta e a demanda. Um exemplo disso é o aumento do preço de uma garrafa de água em uma praia lotada em um dia de sol, em comparação ao preço praticado no supermercado.

Essa situação também pode ocorrer com diferentes produtos. Quando muitas pessoas estão interessadas em comprar um carro novo, por exemplo, a tendência é que o preço do produto aumente. Essa situação pode se repetir quando há muita disponibilidade de crédito, pois quando as pessoas têm maior poder de compra, podem consumir mais e, assim, aumentar a demanda.

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Aumento nos custos de produção

A inflação causada pelo aumento ou pressões nos custos de produção também é conhecida como “inflação de custos” ou “inflação de oferta”. Ela ocorre devido a fatores que impactam o preço final de um produto.

Um exemplo disso é o aumento do preço da energia elétrica. Se a indústria depende da eletricidade em seu processo produtivo, por exemplo, esse aumento de custo será repassado ao intermediador e ao consumidor final. O aumento no preço das matérias-primas também pode resultar em um aumento nos custos de produção e, consequentemente, no preço final do produto.

A inflação de custos também pode ocorrer quando há aumento no preço de combustíveis (porque a logística nacional é dependente da malha rodoviária), aumento de tarifas, taxas e impostos, ou até mesmo quando há uma valorização do dólar em relação ao real, pois muitos dos produtos e matérias-primas comercializados no Brasil são importados e seus preços são aplicados em dólar.

A inflação de custos também pode desencadear uma crise na demanda, o que por sua vez pode gerar uma inflação de demanda. Isso ocorre quando os custos de produção se elevam a ponto de os produtores optarem por produzir uma menor quantidade de um determinado produto, o que não será suficiente para atender à demanda de consumo.

Inércia inflacionária e expectativa de inflação

A inércia inflacionária e a expectativa de inflação estão relacionadas ao processo em que a inflação passada gera uma expectativa de inflação futura.

Os reajustes de salários, aluguéis e outros serviços podem gerar inércia inflacionária, pois são baseados em um período anterior. A intenção nesses casos é recompor a renda dos trabalhadores ou dos proprietários de imóveis que foi corroída pela inflação, mas esse tipo de indexação pode levar a um ciclo vicioso de inflação.

Já a expectativa de inflação tem uma base comportamental. Por exemplo, um comerciante, esperando uma inflação de demanda e de custos, pode antecipar o aumento de preços em sua loja justamente por uma expectativa de aumento generalizado dos preços.

Aumento da emissão de moeda

O governo também pode influenciar o aumento da inflação. Quando os gastos são maiores do que as arrecadações, em alguns casos pode ser necessário “imprimir” mais dinheiro, ou seja, emitir mais papel-moeda para equilibrar as contas. Quando isso acontece, há um maior volume de dinheiro em circulação no mercado, mas esse aumento não está associado a um aumento na produção ou na geração de riqueza no país.

Dessa forma, o resultado é que, com mais dinheiro circulando no mercado do que a quantidade de oferta de produtos e serviços, os preços aumentam.

Como a inflação é calculada?

A inflação tem um impacto direto em diferentes aspectos da vida dos consumidores, desde a alimentação básica até o preço de imóveis. Por isso, a inflação não é medida por um único índice.


No Brasil, dentre os diversos índices utilizados para medir a inflação, o principal é o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo). Esse indicador abrange cerca de 90% da população urbana do país e é calculado mensalmente pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O IPCA determina a inflação de produtos e serviços do varejo consumidos por famílias que recebem de 1 a 40 salários mínimos. Ele leva em conta os valores de uma cesta de produtos e serviços consumidos pela população, como habitação, vestuário, despesas pessoais, transporte, comunicação, alimentação, saúde e educação.

Os pesquisadores do instituto realizam entrevistas com famílias para saber onde e o que elas compram. A partir dessas informações, são definidos quais itens farão parte da cesta de produtos mais consumidos pela população e qual será o peso de cada um deles no cálculo da inflação. Por exemplo, o preço do arroz, um alimento presente em quase todas as mesas brasileiras, terá um peso maior no cálculo do IPCA do que o preço do macarrão.

Após a definição dos itens mais consumidos, os pesquisadores organizam outro relatório com os estabelecimentos comerciais onde serão verificados os preços dos produtos mais consumidos. Com todos os dados reunidos, os técnicos do IBGE calculam os valores dos índices para um determinado período.

Na prática, se os preços da habitação subiram 2%, os valores do setor elétrico aumentaram 2%, e os preços do setor de alimentação caíram 3,5%, o valor mensal da inflação será a soma dessas variações, considerando o peso que cada item possui.

Além do IPCA, existem outros índices que ajudam a medir a inflação em diferentes setores do comércio de bens e serviços, como o INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor), o IGP (Índice Geral de Preços) e o IPA (Índice de Preços no Atacado).

Principais índices de inflação no Brasil

No cálculo do IPCA, é considerada a variação dos preços dos bens e serviços consumidos no dia a dia pelas famílias brasileiras, com renda mensal entre um e 40 salários mínimos. Cada item ou serviço presente nessa cesta possui um determinado peso, de acordo com o consumo médio realizado pela população.

Dessa forma, o IPCA tem como objetivo medir o valor do dinheiro ao longo do tempo. Vale ressaltar que essa cesta de produtos e serviços também sofre alterações ao longo do tempo. Por exemplo, a versão mais recente da cesta inclui itens básicos e tradicionais, como arroz e feijão, mas também produtos e serviços mais recentes, como serviços de streaming e transporte por aplicativo.

Como a oferta de produtos e serviços pode variar de acordo com cada região do país, a localidade também é levada em consideração no cálculo do índice. Atualmente, os dados são coletados em 16 capitais e regiões metropolitanas, sendo que cada uma possui um peso diferente no resultado final.

IPCA

O IPCA é calculado mensalmente entre os dias 1º e 30 do mês. Além disso, também é divulgada mensalmente uma prévia desse índice, chamada de IPCA-15, que utiliza as mesmas métricas do IPCA, mas é calculada com base em um período de coleta de informações diferente, do dia 16 do mês anterior até o dia 15 do mês corrente.

INPC

O INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor) mede a variação dos valores dos produtos e serviços para famílias com renda de até cinco salários mínimos. Essa faixa da população é mais sensível às variações de preços de itens básicos, por isso o INPC serve como um termômetro para o reajuste do salário mínimo.

IGP

O IGP (Índice Geral de Preços), calculado pela Fundação Getulio Vargas (FGV), tem o objetivo de registrar a alta dos preços desde a matéria-prima utilizada na produção agrícola e industrial até a transformação desses produtos em bens e serviços a serem adquiridos pelos consumidores finais.

O IGP é composto pela média de três outros índices: 60% do valor do IGP é composto pelo IPA (Índice de Preços no Atacado), 30% é composto pelo INPC e os outros 10% são compostos pelo INCC (Índice Nacional de Custos da Construção).

O IGP serve de base para outros índices, como o IGP-DI, o IGP-10 e o IGP-M. O IGP-DI, por exemplo, é utilizado para a correção dos preços de telefonia.

IGP-10

O IGP-10 (Índice Geral de Preços – 10) mede a evolução dos preços entre o período que vai do dia 11 do mês anterior até o dia 10 do mês corrente.

IGP-M

O IGP-M (Índice Geral de Preços – Mercado) coleta os dados do dia 21 do mês anterior até o dia 20 do mês atual e, além de fornecer uma visão geral da economia, tem um impacto direto no bolso dos consumidores que moram de aluguel. Isso ocorre porque o IGP-M é geralmente usado como base para o reajuste de tarifas e contratos, como os aluguéis comerciais e residenciais.

Outros indicadores

Além dos índices mencionados, existem outros que ajudam a medir a inflação em diferentes setores do comércio de bens e serviços. O IPA (Índice de Preços no Atacado), por exemplo, mede os preços de bens e serviços no comércio atacadista, nas transações entre empresas, que ocorrem antes das vendas no varejo. Esse índice também reflete o valor adicionado na produção de bens agropecuários, industriais, alimentos, máquinas e equipamentos, matérias-primas agropecuárias e minerais.

Já o IPC-S (Índice de Preços ao Consumidor Semanal) é semelhante ao INPC, mas mede os preços de alimentos, produtos de limpeza, higiene e serviços a cada 10 dias.

O IPC-Fipe (Índice de Preços ao Consumidor), calculado pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), mede a variação dos preços dos produtos consumidos na cidade de São Paulo e reflete a variação do custo de vida médio de famílias com renda entre 1 e 10 salários mínimos.

Consequências da inflação

A principal consequência da inflação é a perda do poder de compra ao longo do tempo, devido ao aumento dos preços das mercadorias e à desvalorização da moeda. Isso significa que, com o mesmo valor de dinheiro, é possível comprar menos produtos e serviços.

Outra consequência importante está relacionada ao rendimento real de investimentos. O rendimento real é a rentabilidade obtida em uma aplicação, descontada a inflação. Se um investimento teve um retorno de 10% ao ano e a inflação no período foi de 2% ao ano, sua rentabilidade real foi de 8%. No entanto, se um investimento teve esse mesmo rendimento de 10% ao ano em um período em que a inflação foi de 11%, a rentabilidade real foi negativa, ou seja, mesmo rendendo alguma coisa, o investidor “perdeu” dinheiro.

A importância de entender a inflação

Compreender o funcionamento da inflação é fundamental para tomar decisões financeiras mais conscientes. A inflação pode afetar diretamente o poder de compra, os investimentos, os planejamentos de longo prazo e até mesmo a economia como um todo.

Ao acompanhar os índices de inflação e entender suas causas, é possível se preparar melhor para enfrentar os impactos econômicos e adotar estratégias que minimizem seus efeitos negativos.

Conclusão

A inflação é um fenômeno econômico complexo que afeta diretamente o poder de compra da moeda. Ela pode ser influenciada por diferentes fatores, como aumento na demanda, aumento nos custos de produção, inércia inflacionária e expectativas de inflação, e aumento da emissão de moeda.

No Brasil, o IPCA é o principal índice utilizado para medir a inflação, mas existem outros indicadores que também contribuem para uma visão mais ampla dos preços no mercado. A inflação tem consequências significativas para a economia e para o consumidor, como a perda do poder de compra ao longo do tempo e o impacto nos investimentos.

É importante acompanhar os índices de inflação e entender suas causas para tomar decisões financeiras mais assertivas e minimizar os impactos negativos da inflação.

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