As bolsas de valores da América Latina desempenham um papel crucial no desenvolvimento econômico da região. São plataformas essenciais para que empresas captem recursos e investidores encontrem oportunidades de crescimento.
Compreender o funcionamento, os números atualizados e as particularidades dessas bolsas é fundamental para quem deseja diversificar seus investimentos ou entender melhor o mercado latino-americano.
Quer aprender mais sobre as principais bolsas da América Latina? Então continue a leitura e conheça suas características!
O que é e como funciona o ambiente de bolsa de valores?
A primeira informação relevante sobre as bolsas de valores diz respeito ao seu funcionamento. Desse modo, antes de conhecer as principais instituições da América Latina, você precisa aprender sobre esse ambiente.
Uma bolsa de valores é um ambiente de negociações de valores mobiliários. Entre as alternativas de investimentos disponíveis estão as ações, cotas de fundos negociados em bolsa, títulos de renda fixa, contratos de commodities e outros.
Ao pensar na bolsa, talvez você imagine um grande salão com várias pessoas falando ao telefone e lançando ordens de compra e venda, não é mesmo? No entanto, com a modernização das negociações, as bolsas passaram a funcionar online.
Elas são acessadas por meio de uma plataforma, chamada de home broker, em que é possível realizar todas as negociações com os investimentos disponíveis. Assim, o investidor pesquisa pelo ativo ou derivativo, envia suas ordens de compra, faz suas vendas, inicia e encerra posições.
Com isso, o papel da bolsa é intermediar negociações de valores mobiliários. Ademais, elas também devem oferecer segurança e transparência para as operações. Ainda, as bolsas atuam como agentes de custódia, fazendo a guarda dos valores negociados em seu ambiente.
Vale ressaltar que as bolsas de valores são empresas. Portanto, elas têm uma organização societária e se sujeitam tanto às normas empresariais quanto ao mercado financeiro. Inclusive, elas mesmas podem ter capital aberto e oferecer ações nesse ambiente de negociação.
Por que é importante conhecer outras bolsas de valores?
Muitos investidores têm familiaridade com a B3, a bolsa de valores brasileira. No entanto, conhecer outros ambientes pode ser importante para seus investimentos, principalmente por conta da diversificação internacional.
Quando você acessa a bolsa brasileira para investir em ações, por exemplo, encontrará papéis das empresas de capital aberto do Brasil. Todas elas estão sujeitas, de forma mais relevante, ao risco do mercado brasileiro, não é?
Ou seja, situação econômica do país, as decisões políticas, as normas de governança e notícias sobre o assunto influenciam nesses papéis. Já nas bolsas de outros países, o risco de mercado é outro, pois diz respeito a situações daquele país.
Logo, os investimentos nacionais e internacionais costumam ser descorrelacionados — o que possibilita mais diversificação. Com a descorrelação, é possível diluir os riscos e potencializar a rentabilidade.
Além disso, as bolsas internacionais podem trazer oportunidades de investimento interessantes (desde que sejam compatíveis com seu perfil de risco e objetivos). Portanto, conhecer essas bolsas, entender seus resultados e as empresas listadas nelas pode ser importante.
Mas você não precisa acessar uma bolsa internacional para investir. É possível se expor aos ativos de outros países na bolsa de valores brasileira. Isso ocorre por meio dos brazilian depositary receipts (BDRs). Eles são certificados lastreados em ativos internacionais, mas negociados na B3.
Principais Bolsas de Valores da América Latina
1. B3 – Brasil, Bolsa, Balcão (Brasil)
A B3 é a maior bolsa de valores da América Latina e uma das mais relevantes do mundo emergente. Resultado da fusão entre a BM&FBOVESPA e a CETIP, ela concentra as negociações de ações, derivativos, renda fixa, câmbio e outros ativos financeiros.
Segundo dados do MSCI de março/25:
- 43 empresas fazem parte do índice MSCI Brasil;
- Market Cap: USD 346 bilhões;
- P/L projetado: 7,5x;
- Concentração nas 5 maiores empresas: 44%.
A B3 combina liquidez, volume e uma estrutura mais equilibrada em termos de diversificação de ativos.
2. Bolsa Mexicana de Valores (BMV) – México
A segunda maior bolsa da América Latina em valor de mercado, localizada na Cidade do México. Embora não esteja presente nos dados MSCI utilizados neste artigo, continua sendo um pilar importante do mercado financeiro latino, com expectativa de novas listagens, como o IPO do Banamex previsto para 2025.
Sua história começou em 1894, quando investidores criaram a Bolsa de Valores Nacional do México. No entanto, a BMV surgiu apenas em 1975. Nesse ano, foram incorporadas as bolsas de Guadalajara e de Monterrey, criando apenas uma empresa nacional.
Já em 1995, a bolsa mexicana começou a viabilizar a maioria das negociações de forma online.
3. Bolsas y Mercados Argentinos (BYMA) – Argentina
A principal bolsa da Argentina, resultado da fusão de várias instituições locais. Seu índice mais conhecido é o MERVAL. A BYMA tem buscado modernizar sua infraestrutura para atrair mais investidores.
Dados MSCI (mar/25):
- 19 empresas no índice MSCI;
- Market Cap: USD 34,4 bilhões;
- P/L projetado: 8,0x;
- Concentração nas 5 maiores: 66%.
4. Bolsa de Comercio de Santiago – Chile
Reconhecida por sua estabilidade e ambiente regulatório sólido, a bolsa chilena desempenha papel fundamental no financiamento de empresas locais e na atração de investimentos.
Dados MSCI (mar/25):
- 11 empresas no índice MSCI;
- Market Cap: USD 36,8 bilhões;
- P/L projetado: 10,5x;
- Concentração nas 5 maiores: 61%.
5. Bolsa de Valores de Lima (BVL) – Peru
A principal bolsa peruana, com destaque para o setor de mineração e energia. Apesar do tamanho mais reduzido, busca atrair novos participantes ao mercado.
Dados MSCI (mar/25):
- 3 empresas no índice MSCI;
- Market Cap: USD 23,3 bilhões;
- P/L projetado: 11x;
- Concentração nas 5 maiores: 100%.
6. Bolsa de Valores da Colômbia
Com apenas três empresas no índice MSCI e forte concentração nos maiores papéis, a bolsa colombiana enfrenta o desafio da diversificação.
Dados MSCI (mar/25):
- Market Cap: USD 9,4 bilhões;
- P/L projetado: 6,9x (mais barato da região);
- Concentração nas 5 maiores: 100%.
Comparativo das Bolsas pelo MSCI (mar/25)
País | Empresas no índice | Market Cap (USD mi) | P/L Projetado | Concentração nas 5 maiores |
---|---|---|---|---|
Brasil | 43 | 346.046 | 7,5x | 44% |
Chile | 11 | 36.858 | 10,5x | 61% |
Argentina | 19 | 34.437 | 8,0x | 66% |
Peru | 3 | 23.332 | 11x | 100% |
Colômbia | 3 | 9.420 | 6,9x | 100% |
Onde estão os mercados mais atrativos?
Valuation (P/L projetado):
O Brasil e a Colômbia possuem os múltiplos mais baixos (7,5x e 6,9x, respectivamente), indicando oportunidades de entrada com preços mais atrativos.
Diversificação:
Brasil é o único com concentração abaixo de 50% nas 5 maiores empresas, o que demonstra um mercado mais distribuído e menos exposto a riscos específicos.
Curiosidades sobre o Mercado de Capitais Latino
Integração regional: Algumas bolsas da América Latina têm buscado iniciativas de integração, como o Mercado Integrado Latino-Americano (MILA), que une as bolsas do Chile, Colômbia, Peru e México para ampliar liquidez e atratividade internacional.
Desafios e oportunidades: Apesar do potencial, ainda há baixa participação de investidores pessoas físicas em muitos desses países. Reformas regulatórias e avanços tecnológicos abrem espaço para modernização.
Oportunidade mora nos detalhes
O Brasil lidera com folga em volume, liquidez e diversidade, mas cada país da América Latina apresenta oportunidades únicas. Avaliar o cenário atual, entender os múltiplos de valuation e o nível de concentração de cada mercado é essencial para tomar decisões mais estratégicas.
Fique atento ao cenário latino-americano com a equipe da Renova Invest e descubra onde estão os riscos e as oportunidades do momento.