As ações da Natura&Co (NTCO3) caíram desde o fechamento da venda da Aesop para a L’Oréal por US$ 2,525 bilhões. O movimento tem chamado a atenção por parte do mercado. Por mais que os ativos tenham subido 7,52%, fechou em baixa de 3,39%. Já nos dois pregões depois do anúncio do negócio bilionário, a queda acumulada foi de 12,7%.
Mas se a venda foi feita por um valor maior do que o esperado, o que pode ser interpretado positivamente, porque as ações desde então não param de cair? Alguns analistas explicam que a empresa passa por um movimento transformador, indo de um balanço patrimonial alavancado para uma posição de caixa líquido.
A venda da Aesop abre caminho para futuras discussões sobre dividendos, enquanto as operações restantes segue sendo negociadas a um múltiplo de 5 vezes o EV/Ebitda, que é o valor da firma sobre lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações, esperado para 2024.
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Por que as ações estão em queda?
Entre os fatores que podem ter levado à ação da Natura cair está no fato que a avaliação de que a Aesop era o melhor ativo da Natura&Co, por isso, ficam as incertezas dos ativos que sobraram. Muitos investidores preferem esperar pelos sinais de melhora antes de comprar qualquer coisa, pois mais para frente, pode ser que melhore a visibilidade das tendências.
Outro fator é que estamos em vivendo em um mercado em baixa. Por exemplo, muitos compraram NTCO3 apenas para o potencial evento de venda da Aesop e que não tinham a intenção de carregar a ação por conta dos últimos resultados. O último trimestre de 2022 da companhia não foi nada animador.
O valuation de 18 vezes o preço sobre lucro (P/L) também não é visto como atrativo, mesmo com o EV/Ebitda relativamente barato de cerca de 5 vezes, é um indicador inferior à média histórica de 11 vezes e dos pares internacionais. Os ganhos previstos para 2024 são aproximadamente 3 vezes maiores do que seriam se a Aesop não fosse vendida.
Isso porque os resultados da Aesop estavam compensando a queda das outras unidades de negócios da companhia. A Natura pagou US$ 100 milhões pela subsidiária australiana em 2013 e depois, a vendeu 10 anos depois por US$ 2,5 bilhões e sem dívidas. Inclusive, esse valor pela marca australiana representa 95% de toda a dívida bruta da Natura ao fim de dezembro, que é de R$ 13,3 bilhões.
Além de todos os desafios operacionais, o cenário macroeconômico contribuiu para isso e causou impactos negativos da pandemia e de uma guerra. Tais fatores refletem no caixa da Natura e no aumento do endividamento. Sem muitas opções, a gestão precisou se desfazer da Aesop para reforçar o caixa e amortizar parte da sua dívida.
Para os próximos meses o foco da Natura é acabar cada vez mais com o seu endividamento e implementar a incorporação das operações com a Avon. Outro ponto importante é que a empresa também está focada em concentrar os investimentos no mercado da América Latina com as marcas Avon e Natura, e internacionalmente com Avon e The Body Shop (TBS).
Antônio Luiz Seabra: a história do fundador da Natura
Você conhece Antônio Luiz Seabra? Ele é um dos maiores nomes da indústria de cosméticos brasileira. Entre outras conquistas, o empresário fez a sua empresa, a Natura, ser reconhecida mundialmente pelos seus princípios sustentáveis.
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Assim, sua companhia se destaca entre investidores que consideram como critério os aspectos sociais, ambientais e de governança em seus investimentos. Nesse sentido, vale a pena conhecer a história do responsável pelo sucesso de uma das empresas mais sustentáveis do mundo.
Confira a seguir a trajetória de Antônio Luiz Seabra, o fundador da Natura!
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A criação da Natura
Como você viu, em 1969, Antônio Seabra e a família Berjeaut tornaram-se sócios e formaram uma nova empresa. Mas, depois, a sociedade chegou ao fim. Porém, o filho do dono do laboratório, Jean Pierre, fez uma contraproposta a Seabra para começarem juntos uma outra indústria.
Foi nesse momento que nasceu a empresa Natura, com sede na Oscar Freire, em São Paulo. Ela recebeu esse nome poucos meses depois da parceria, devido à presença de ativos naturais na composição dos cosméticos.
O negócio passou por alguns desafios — como a dificuldade vender na loja física. Diante desse cenário, Seabra adotou, em 1974, o modelo de vendas porta a porta. Atendendo pessoalmente, ele começou a oferecer consultoria sobre os seus produtos e entender o poder transformador dos cosméticos na vida dos clientes.
Assim, Antônio Luiz Seabra percebeu a importância de não somente vender o produto em si, mas dos benefícios que ele poderia proporcionar para as pessoas, como o aumento da autoestima. Essa foi uma das principais razões pelas quais a Natura se tornou um grande sucesso.
Então, em 1974, Seabra e Berjeaut adotaram as vendas porta a porta como modelo comercial. Para expandir a participação da Natura no mercado, começaram a buscar vendedores para atuar como parceiros.
Anos depois, Berjeaut deixou o negócio e Guilherme Leal e Pedro Passos se tornaram novos sócios. Eles contribuíram para o processo de expansão da Natura. Em 1982, seus cosméticos já eram vendidos no Chile, por meio de um distribuidor local.
Com o tempo, a empresa cresceu e se transformou em uma das maiores marcas de cosméticos de venda direta do mundo — especialmente após a fusão com a Avon, em 2019. No ano de 2004, ela realizou a abertura de capital e suas ações estão disponíveis na bolsa brasileira, a B3, com o código NTCO3.
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