Até quando? Expectativas de corte de juros nos Estados Unidos são mais uma vez reavaliadas, enquanto as incertezas no cenário local se refletem no comportamento do dólar – e discussão sobre qual o “novo normal” da moeda americana ganha força.
Nesta edição do Radar, você também lê sobre idas e vindas nas taxações sobre herança, a disputa no pódio das maiores empresas do mundo e a competição entre bolsas de valores pelo mundo.
Mercados na semana
- Ibovespa: -1,09% | 120.767 pontos
- S&P 500: +1,32% | 5.347 pontos
- Nasdaq: +2,38% | 17.133 pontos
- Dólar: +1,43% | R$ 5,3242
- Bitcoin: +2,00% | US$ 69.060
Expectativas em alta
Se a chance de um corte de juros em julho nos Estados Unidos era baixa, agora é praticamente nula. Essa é a leitura do relatório de emprego divulgado nesta sexta-feira, também conhecido no mercado como “payroll”.
O que foi divulgado?
- Em maio, a economia americana abriu 272 mil novas vagas de trabalho. A expectativa era pela criação de 190 mil vagas. O número veio acima até mesmo das melhores projeções do mercado. Ou seja: sinalizam para uma economia aquecida.
- Como abordamos em edições anteriores desta newsletter, quanto mais aquecida a economia, mais difícil é o trabalho do Federal Reserve (Fed), o banco central americano, de trazer a inflação para a meta de 2%, diminuindo a chance de cortes de juros.
- Outro dado que os economistas têm acompanhado para monitorar a temperatura da economia é o crescimento do salário médio, que continuou subindo mais que o previsto. Desta vez, em 0,4%.
O relatório de emprego de sexta-feira veio como um balde de água fria no mercado. Isso porque outros indicadores divulgados ao longo da semana sinalizavam para o sentido contrário, em direção a uma economia desacelerando.
Esses sinais chegaram, inclusive, a influenciar positivamente os mercados, com novos recordes de pontuação do S&P 500 e do Nasdaq ao longo da semana.
E qual o impacto?
O payroll trouxe mais desconfiança para as projeções do primeiro corte de juros em setembro. O JPMorgan, por exemplo, já revisou sua projeção para o primeiro corte de juro de setembro para novembro logo após a divulgação do relatório de emprego, e o mercado já passa a precificar apenas um corte de juros neste ano.
Agora, todas as atenções se voltam agora para o encontro do Federal Reserve (Fed), o banco central americano, na próxima quarta-feira, 12 de junho, quando devemos ter novas pistas sobre como o BC americano está lendo o cenário atual.
O que mais movimentou o noticiário internacional:
- Não sustentou. Bitcoin volta a superar os US$ 71 mil, mas perde fôlego no fim da semana.
- Dinheiro em caixa. Holding de Buffett é dona de 3% de todo o mercado de T-Bills nos EUA.
- O primeiro. BCE puxa a fila dos mercados desenvolvidos e inaugura corte de juros na Europa.
“Novo normal” para o dólar?
Se nos Estados Unidos os investidores chegaram a celebrar novos recordes antes do payroll nesta sexta-feira, no Brasil o cenário é diferente. A Bolsa mantém sua sequência negativa, e o dólar é uma boa medida para retratar a desconfiança com o cenário atual.
A moeda americana retornou aos maiores níveis desde março do ano passado, chegando nesta sexta-feira à cotação de R$ 5,32. Seria esse o novo normal para o câmbio? Essa pergunta vem sendo feita pelos participantes de mercado nos últimos dias.
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Veja, abaixo, como o dólar se comportou nos últimos 5 anos, com raros momentos abaixo dos R$ 5,00.
Três temas para acompanhar:
- Pesistência das preocupações fiscais.
- Continuidade dos juros elevados nos Estados Unidos;
- Queda nos preços de commodities. Nesta semana, destaque para a queda do petróleo e do minério de ferro.
No cenário fiscal, a semana foi de debates sobre o aumento na arrecadação do governo. Desdobramentos importantes que você deve saber:
Leia também:
- PIS/Cofins: o governo assinou uma Medida Provisória que limita o uso de créditos tributários que as empresas usam para compensar outros tributos. Essa medida pretende compensar a perda arrecadatória com a desoneração da folha de pagamentos em diversos setores da economia até 2027.
Mas empresários criticaram fortemente a mudança, citando impactos negativos de R$ 29 bilhões somente neste ano.
- “Taxa das blusinhas”: o Senado aprovou o fim da isenção tributária para compras internacionais de até US$ 50, com taxação de 20%. A medida protege a indústria nacional contra marketplaces estrangeiros e deve arrecadar R$ 2,5 bilhões por ano.
Também vale a leitura:
- Good bye. Estrangeiros continuam saindo da Bolsa e já somam retiradas de R$ 36 bi no ano.
- Viés negativo. Apostas internacionais contra o real batem recorde.
- Por outro lado… Exportadoras ajudam a amenizar volatilidade no câmbio.
- Afinando discurso. Campos Neto e Gabriel Galípolo adotam tom parecido a duas semanas do próximo Copom.
Previdência quase ganha novo imposto
Ainda no âmbito dos esforços para aumentar a arrecadação do governo, o debate sobre aumentar as receitas com a transmissão de heranças voltou ao noticiário.
O que aconteceu?
- No início da semana, circularam rumores de que o Ministério da Fazenda iria propor taxar planos de previdência privada nas modalidades PGBL e VGBL que tivessem como foco o planejamento sucessório. A taxação ocorreria via ITCMD.
- O governo confirmou que a proposta chegou a constar no texto do projeto de lei que regulamenta a reforma tributária do consumo, mas o item foi removido da proposta.
Então permanece tudo igual? Não necessariamente. Apesar do item ter sido removido do texto final, esta é mais uma evidência de como possíveis revisões no ITCMD têm sido pauta recorrente.
Como já abordamos em ocasiões anteriores, há outras iniciativas que pretendem aumentar a arrecadação via ITCMD e que exigem atenção dos investidores.
Dica: existem métodos eficientes para se proteger agora contra os possíveis aumentos tributários sobre herança. Para saber como se antecipar, fale com nossos especialistas.
Disputa de gigantes
Até onde vai a Nvidia? A fabricante de chips continua surpreendendo como uma das ações mais impressionantes do mercado americano no momento.
Nesta semana, a companhia seguiu disputando lugar de destaque no pódio das empresas mais valiosas do mundo e superou não só a barreira dos US$ 3 trilhões pela primeira vez, como chegou a ultrapassar a Apple em valor de mercado.
Essa seria uma notícia difícil de imaginar há apenas um ano, por exemplo, quando a Apple tinha valor de mercado consideravelmente superior à Nvidia. Mas a velocidade com que a Nvidia tem subido de preço, na esteira da alta demanda por chips com o boom da IA, tem chamado atenção e repercutido na imprensa especializada.
Veja só como o valor de mercado da fabricante de chips tem crescido a períodos cada vez mais curtos, segundo dados da Bloomberg:
- O primeiro US$ 1 trilhão: 25 anos, alcançado em junho/2023;
- O segundo trilhão: nove meses depois, em março/2024;
- O terceiro trilhão: 66 pregões depois, em junho/2024.
O que mais aconteceu no noticiário corporativo:
- Oferta árabe. Maior petroleira do mundo, Saudi Aramco levanta US$ 11 bi com venda de ações.
- Privatização. Entenda a polêmica sobre o reajuste tarifário da Sabesp.
- Zamp. Operadora do Burger King e Popeyes no Brasil compra operação local do Starbucks.
- Confiança. Ambipar recompra ações e mira redução de alavancagem, mas ainda precisa convencer o mercado.
Competição entre Bolsas
Coincidência ou não, a semana também foi repleta de notícias que giram em torno de um mesmo tema: novas bolsas de valores, no Brasil e no mundo.
Um resumo rápido do que aconteceu:
- Nos Estados Unidos, algumas das empresas mais relevantes do mercado financeiro, como a BlackRock e a Citadel Securities, discutem a criação de uma nova bolsa de valores no Texas. O plano é iniciar as operações já em 2025.
- No Brasil, a Americas Trading Group (ATG) também pretende iniciar operações em 2025. Mas a companhia defende o foco em aumentar volume de negociação no mercado brasileiro em vez de rivalizar com a B3.
- Bem longe da briga pelas grandes empresas, a BEE4 também se prepara para acelerar sua bolsa focada em PMEs, negociando ações tokenizadas de empresas com faturamento entre R$ 10 milhões e R$ 300 milhões.
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