Invicta. A bolsa brasileira emplaca a maior série de pregões em alta desde 2018, com dez sessões consecutivas no positivo. Não houve um dia sequer de negociações no vermelho em julho.
Agora, o Ibovespa fica mais próximo de zerar as perdas do ano, mas será que o principal índice de ações da Bolsa terá fôlego para isso já nos próximos dias? A ver.
Com um noticiário mais calmo em relação a declarações de autoridades sobre política fiscal e monetária, nesta semana prevaleceram as boas notícias de inflação e a expectativa, cada vez maior, do início do ciclo de cortes de juros nos Estados Unidos.
Mercados na semana
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- Ibovespa: +2,08% | 128.897 pontos
- S&P 500: +0,87% | 5.615 pontos
- Nasdaq: +0,25% | 18.398 pontos
- Dólar: -0,56% | R$ 5,4310
- Bitcoin: +1,08% | US$ 57.331
Mudanças à vista
No cenário local, a regulamentação da reforma tributária tomou conta do noticiário. Essa é uma das principais pautas da agenda econômica, prometendo simplificar uma das maiores dores do empresário brasileiro: o complexo sistema tributário. Mas, enfim, o que aconteceu na semana?
Antes disso… relembre o contexto geral
O Congresso aprovou, em 2023, a emenda constitucional que aprovou a reforma tributária. Mas, para entrar em vigor de fato, era preciso de leis complementares para regulamentar o novo sistema tributário.
Estão previstos três textos de regulamentação da reforma tributária:
- Projeto de lei complementar com normas comuns sobre o consumo. Ele trata do Imposto sobre Bens e Serviços (IBS), de competência federal, e da Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS), de competência estadual e municipal. Também está sendo discutido o Imposto Seletivo (IS). [Estamos aqui]
- Projeto de lei complementar para a transição do ICMS para o IBS e a distribuição de receitas entre estados, municípios e Distrito Federal.
- Projeto de lei ordinário para detalhar a transferência de recursos para o Fundo de Desenvolvimento Regional.
Os novos tributos vão substituir, de forma gradual entre 2026 e 2033, outros cinco tributos que existem atualmente: ICMS, ISS, IPI, PIS e Confins.
O que aconteceu?
A Câmara aprovou o primeiro projeto da reforma tributária na quarta-feira. A decisão segue para o Senado.
E agora? O relator da proposta no Senado, Eduardo Braga, sinalizou que o texto não deve tramitar em urgência – assim, o avanço da pauta deve ficar para o segundo semestre.
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Os senadores também sugeriram que devem promover mudanças no texto aprovado pela Câmara, o que exigiria uma nova análise dos deputados após a aprovação do Senado.
Trechos que você não pode perder
O texto da reforma tributária é amplo e impacta diversos setores de maneiras diferentes, mas alguns temas ganharam as manchetes ao longo da semana. Separamos alguns dos principais deles abaixo:
Trava. O IVA, que unifica o IBS e o CBS, terá uma regra para não ultrapassar o limite da alíquota de 26,5%.Ele começaria a ser implementado em 2033, quando termina a transição para os novos tributos. Apesar do limite, esse ainda é um dos maiores IVAs do mundo.
Leia também:
Imposto Seletivo, ou “Imposto do pecado”. Tributo com objetivo de desestimular o consumo de itens considerados prejudiciais à saúde e ao meio ambiente.
Setores como petróleo e mineração foram incluídos na lista do imposto do pecado, mas conseguiram uma alíquota reduzida.
Um dos pontos que mais geraram repercussão nesta semana, no entanto, foi a inclusão dos carros elétricos no IS, gerando forte reação das montadoras. Para a discussão no Senado, cresce a pressão para que as armas sejam incluídas no IS.
Carne na cesta básica. Um dos principais debates deste texto da reforma tributária tem sido a inclusão da carne na cesta básica, categoria que possui alíquota zero. Inicialmente fora da proposta, a carne foi incluída na cesta básica após intenso debate.
Segundo previsões do Ministério da Fazenda e do Banco Mundial, esta inclusão geraria um impacto de mais de 0,5 ponto percentual sobre a alíquota de 26,5% do IVA.
Você também deve saber:
- Ainda em aberto. Especialistas dizem que trava do IVA pode ser questionada.
- Prazo termina em 19 de julho. Compensação da desoneração da folha de pagamentos segue em impasse.
- Revisão positiva. FMI sobe para 2,5% projeção de crescimento do Brasil no ano.
Inflação perde força e derruba juros futuros
Boa notícia. O IPCA de junho surpreendeu os analistas de mercado financeiro ao mostrar uma desaceleração mais forte do que se imaginava.
O que aconteceu?
- O IPCA passou de 0,46% em maio para 0,21% em junho. Previsões de mercado apontavam para um IPCA mais alto, de 0,32% no mês.
- E em 12 meses? Num horizonte de tempo maior, o IPCA avançou para 4,23%. Apesar de retomar o patamar dos 4%, ele ficou abaixo dos 4,35% esperados.
- A meta para o ano é de 3%, sendo que taxas entre 1,5% e 4,5% permanecem dentro da margem permitida.
E o que isso significa?
Inflação e juros têm uma relação próxima. Se a pauta de retomada na queda da Selic ainda não está na mesa, os resultados do IPCA de junho pelo menos frearam a tese de uma alta nos juros.
Entenda: apesar do relatório Focus apontar para a manutenção da taxa Selic neste ano, as curvas de juros futuros apontavam para uma elevação da taxa de juros neste ano. O IPCA divulgado esta semana – em conjunto com um dólar mais fraco – ajudou a derrubar as curvas de juros futuros.
Atenção para a gasolina
A Petrobras anunciou nesta semana o primeiro reajuste no preço da gasolina e do gás de cozinha neste ano. É, também, o primeiro reajuste sob a nova gestão de Magda Chambriard.
- O que aconteceu: o litro da gasolina foi reajustado em 7,11%, enquanto o botijão do gás de cozinha subiu 9,6%. Mesmo com essa alta, no entanto, os preços continuam defasados.
A Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom) estima que a diferença está em torno de 10% – portanto, novos reajustes seriam possíveis.
- E qual o impacto? O aumento deve ser sentido nos números de inflação de julho. Analistas estimam um impacto de aproximadamente 0,1 a 0,2 ponto percentual sobre o IPCA do ano.
O que mais você deve ler:
- Para investir em inflação. Estreia ETF que acompanha performance de títulos públicos longos.
- Brasileiros captando em dólar. Emissões já igualam volume de todo o ano de 2023.
- Troca no Banco Central. Galípolo deve ser anunciado como presidente no mês que vem.
O momento mais aguardado nos EUA
Surpresa na inflação não foi uma exclusividade brasileira nesta semana. Nos Estados Unidos, aliás, os preços caíram – marcando a primeira deflação mensal desde maio de 2020, nos primeiros meses da pandemia.
O que aconteceu:
- Os EUA divulgaram nesta semana o CPI de maio. Este não é o principal indicador de inflação acompanhado pelo Federal Reserve (Fed), o banco central americano, mas é uma leitura importante para avaliar o comportamento dos preços por lá.
- O índice mostrou uma queda de 0,1% nos preços, enquanto analistas projetavam uma ligeira alta de 0,1%. Já a taxa anual passou de 3,3% para 3,0%.
- Excluindo itens considerados mais voláteis – o conhecido núcleo da inflação – o CPI avançou 0,1%. Esse é o ritmo mais fraco desde agosto de 2021. Em termos anuais, o núcleo da inflação é de 3,3%. Lembrete: a meta de inflação do Fed é de 2,0%, mas essa medida é feita pelo núcleo do PCE.
E o que disse Jerome Powell, presidente do Fed?
Se os dados de inflação ofereceram boa notícia para os investidores, Powell também sinalizou estar mais confortável com a tese de queda nos juros. O que ele disse?
Em depoimento ao Congresso americano, Powell reforçou que o Federal Reserve pode começar a cortar juros antes que a inflação chegue na meta estipulada – o que foi recebido com celebração nos mercados.
“Você não quer esperar até que a inflação vá todo o caminho para 2%, porque a inflação tem um certo momentum”
Jerome Powell, em depoimento ao Congresso americano em 10 de julho
Powell ainda comentou que o banco central não acompanha apenas a inflação, mas também o mercado de trabalho, e que esse mercado de trabalho está desacelerando – o que também foi recebido com otimismo para a tese de corte de juros.
Está chegando a hora
Semana após semana, tem crescido a convicção do corte de juros em setembro – a ferramenta CME FedWatch estimava nesta sexta-feira uma probabilidade de 94% de corte. Essa é uma das principais teses do mercado para favorecer os ativos de risco, como a Bolsa.
Também voltou ao radar dos investidores a possibilidade de três cortes de juros neste ano, em vez de apenas dois.
Neste ano, restam apenas quatro reuniões do Federal Reserve, com decisões em 31 de julho, 18 de setembro, 07 de novembro e 18 de dezembro. Há quase unanimidade pela manutenção dos juros nesta reunião de julho.
Para não deixar de registrar: como de costume, os principais índices americanos de ações renovaram seus recordes, apesar de uma queda mais intensa na quinta-feira, que foi creditada a realizações de lucros ou a rotações de setores entre investidores.
O que mais aconteceu no cenário internacional:
- Intervenção? Dados sugerem forte intervenção do Japão no iene – medida pode ter segurado queda do dólar no Brasil.
- Inflação de 271%. Alta dos preços na Argentina volta a acelerar em junho.
Segunda temporada
Está começando mais uma temporada de resultados corporativos. Os números são relativos ao segundo trimestre deste ano, e não custa lembrar: balanços são acompanhados de perto pelos investidores, muitas vezes direcionando os pregões.
E por que você deve acompanhar com atenção?
Análise das empresas e da economia. Esse é um momento importante para avaliar não só a saúde das empresas americanas, que dominam a lista das maiores e mais influentes empresas do mundo, como também da economia americana. Vale lembrar que muitas companhias divulgam, também, projeções para os próximos trimestres.
Altas expectativas. Analistas esperam que essa temporada seja a melhor desde o primeiro trimestre de 2022. A projeção é por um crescimento próximo dos 8% nos lucros das empresas, na comparação com o segundo trimestre do ano passado.
Balanços das techs. Em um ano de valorização expressiva das ações de tecnologia – muitas delas na casa dos 30% a 40% – surge a dúvida: o que poderá, agora, impressionar os investidores nos balanços? Com esse recente rally, a régua para a entrega de resultados pode estar ainda mais alta.
Tradicionalmente, a temporada de balanços corporativos se inicia com os números de bancos. Já as maiores empresas de tech começam a divulgar seus números em, aproximadamente, duas semanas. Sensação do ano, a Nvidia reporta seus números apenas em agosto.
O que mais você deve ler:
- Maior IPO dos últimos anos? Gestora de Bill Ackman busca até US$ 25 bi, e BTG deve participar do deal.
- No Brasil… Veja primeira lista com nomes sugeridos para sucessão na Vale.
- Disparada. Ações da Americanas sobem forte com boas notícias no radar.
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